Uma parte proeminente da violência colonial de Israel é a privação da liberdade de movimento aos palestinos. O livro de Maryam S. Griffin – Vehicles of Decolonisation: Public Transport in the Palestinian West Bank (Veículos da descolonização: Transporte público na Cisjordânia ocupada, em tradução livre; Temple University Press, 2022) – fornece detalhes dos métodos adotados por Israel para negar a mobilidade coletiva dos palestinos, de modo a, por inferência, tornar o direito básico ao transporte público um “cenário de luta social”. A pesquisa de Griffin contextualiza as ramificações do uso de transporte público pelos palestinos dentro do contexto colonial imposto por Israel. Desta forma, abre caminho a leitores para que se engajem em uma realidade política ora negada ora ofuscada.
“O transporte público é gravemente afetado por políticas e práticas do colonialismo israelense”, declara a autora em sua introdução. Ao dar uma percepção geral de como o projeto colonial de Israel afeta o direito à mobilidade dos palestinos – poucos palestinos têm carros na Cisjordânia; a Autoridade Palestina (AP) monopoliza os serviços de transporte, a despeito de uma parceria público-privada; as várias restrições de Tel Aviv ao direito de ir e vir –, Griffins reafirma que limitar o movimento do povo palestino é também uma política de deslocamento forçado imposta por Israel.
Vale notar as referências meticulosas de Griffins sobre os assentamentos coloniais israelenses e sua subsequente ocupação militar. A ocupação de 1967, escreve a autora, é “uma extensão do vasto projeto colonial de assentamentos”. Ao explanar esta ideia logo no início da obra, Griffins não somente dá protagonismo à narrativa palestina – ao equivaler ocupação e colonialismo e, portanto, impunidade –, mas também amplia o contexto concebido o leitor para apresentá-lo temas como anexação e outros, também associados ao projeto de expansão colonial. Israel não expande apenas as fronteiras de seus atos violência, mas mantém sua conjuntura sistêmica como algo constante.
Este livro é finalista do Palestine Book Awards 2022.
Clique aqui para ler a resenha completa (em inglês) no site da premiação.
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