Ganhadora do Nobel denuncia colonização israelense na Palestina

Uma forte defensora da causa palestina e da campanha por Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS) contra o apartheid israelense ganhou o prestigiado Prêmio Nobel de Literatura deste ano, na semana passada.

Annie Ernaux, romancista francesa de 82 anos, é crítica de longa data de Israel e assinou várias cartas para denunciar o estado ocupante por suas práticas de apartheid e outros crimes contra os palestinos.

Seu apoio público mais recente veio no ano passado após atos de repressão e violência contra fiéis muçulmanos na Mesquita Al-Aqsa, em Jerusalém ocupada, seguidos por 11 dias de ataques aéreos contra a Faixa de Gaza. Na ocasião, Israel matou ao menos 254 palestinos, incluindo 66 crianças, 39 mulheres e 17 idosos.

No ano passado, Ernaux assinou uma petição denominada “Carta contra o apartheid: em apoio à luta palestina pela descolonização”.

Segundo os signatários, é “errado e enganoso” retratar a chacina israelense contra Gaza sitiada como uma guerra entre iguais: “Israel é o poder colonizador. A Palestina é colonizada. Não é um conflito, mas sim apartheid”.

Ao aludir a diversos relatórios de organizações de direitos humanos – incluindo a ong B’Tselem, a Anistia Internacional e o Human Rights Watch –, os signatários mencionaram o consenso quase universal sobre crimes de apartheid cometidos sistematicamente por Israel.

“O mundo enfim começa a chamar o sistema israelense por seu nome”, destacou a carta.

Em 2019, Ernaux assinou uma outra petição para reivindicar que a rede de radiodifusão estatal da França não transmitisse o Festival Eurovision daquele ano devido a sua realização em Israel – isto é, no território capturado em 1948, na ocasião da Nakba ou “catástrofe”, via limpeza étnica.

Um ano antes, Ernaux assinou uma carta contra uma série de eventos culturais realizados em parceria pelos governos francês e israelense, com o objetivo de comemorar o 70º aniversário da criação de Israel.

Ambas as petições reiteraram que Israel recorre a eventos culturais para encobrir seus crimes.

Ernaux se junta a Pablo Neruda e Gabriel García Márquez, entre outros, como vencedores do cobiçado prêmio. Artigos nas principais agências de notícias saudaram o trabalho da professora e autora francesa – exceto em Israel.

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