A Frente de Libertação Nacional da Argélia exigiu ontem que a França se desculpe pelo massacre cometido pela polícia francesa contra manifestantes pacíficos argelinos em Paris em 1961, informou a Anadolu. Milhares de argelinos que vivem na França saíram às ruas de Paris há sessenta e um anos para protestar contra o toque de recolher imposto a eles. O então comandante da polícia francesa em Paris, Maurice Papon, emitiu ordens para reprimir o protesto com violência.
Segundo historiadores franceses, a polícia matou deliberadamente dezenas de manifestantes nas ruas e estações de metrô e jogou muitos dos manifestantes mortos e feridos no rio Sena. De acordo com Emmanuel Blanchard, esta foi a repressão mais mortal na Europa Ocidental desde a Segunda Guerra Mundial.
“Recordamos este incidente, lamentando as almas de nossos mártires, que foram decapitados pelo chefe da polícia criminal Maurice Papon e seus assessores, com o conhecimento do presidente Charles de Gaulle, que o manteve no cargo apesar de saber o que aconteceu”, disse o comunicado da Frente de Libertação Nacional. “Pedimos às autoridades francesas que reconheçam os eventos de 17 de outubro de 1961 como um crime de Estado e exigimos um pedido de desculpas”.
A Frente é a principal força política no parlamento argelino e nos conselhos locais e é membro da coalizão governamental que apoia o presidente Abdelmadjid Tebboune. Sua demanda coincide com os movimentos oficiais entre os dois países para “virar uma nova página” em suas relações, após meses de estagnação devido à recusa da França em conceder acesso aos arquivos da era colonial datados de 1830 a 1962.
No ano passado, o presidente francês Emmanuel Macron visitou a Argélia e assinou a “Declaração da Argélia para uma parceria renovada”, que incluiu seis campos de cooperação. Durante a visita, Macron e Tebboune concordaram em designar um comitê conjunto de historiadores para resolver a questão dos assuntos históricos pendentes, uma medida que, segundo o ministro das Relações Exteriores da Argélia, Ramtane Lamamra, pretendia “manter a questão longe da exploração política”.
LEIA: Macron pede expansão de laços Argélia no aniversário da independência