Em meio a rumores sobre uma terceira Intifada – ou levante popular – nas redes sociais, tropas da ocupação israelense reforçaram seu uso de munição real contra manifestantes palestinos na Cisjordânia ocupada.
Tensões atingiram um novo ápice em todo o território palestinos nas últimas semanas. A cidade de Jerusalém se mantém como epicentro dos protestos e confrontos entre colonos de extrema-direita e soldados da ocupação, por um lado, e cidadãos nativos que buscam resistir à violência colonial e às violações de seus direitos, por outro.
Na quarta-feira (19), soldados israelenses mataram a tiros Usama Adawi, de apenas 18 anos, em um campo de refugiados na Cisjordânia. O Ministério da Saúde da Autoridade Palestina reiterou que Adawi foi morto a tiros por um oficial israelense; outros três manifestantes foram baleados nas pernas.
Desde a Nakba – ou “catástrofe”, em 1948, como é designada pelos árabes a criação do Estado de Israel, mediante limpeza étnica –, Cisjordânia e Faixa de Gaza abrigam milhões de refugiados expulsos de suas terras ancestrais.
A mais recente onda de resistência palestina à expansão colonial israelense vivencia confrontos violentos, durante os quais as forças ocupantes recorrem a gás lacrimogêneo, bombas de efeito moral e munição real.
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Os israelenses alegam que a última rodada de perseguição contra a população nativa resulta do assassinato de um soldado em um checkpoint nos arredores de Shuafat, no sábado (17). Forças israelenses conduzem incursões armadas na região e formalizaram um bloqueio de quatro dias ao campo de refugiados local.
Palestinos em Jerusalém e na Cisjordânia ocupada lançaram uma greve geral em solidariedade aos residentes de Shuafat. Os protestos na madrugada foram brutalmente reprimidos. Soldados israelenses dispararam munição real e mesmo granadas contra manifestantes desarmados.
Ao corroborar o pico de indignação dentre os jovens palestinos, devido às violações israelense, ao menos metade dos 23 presos pela ocupação são menores de idade.
“Estes são dias duríssimos, as pessoas estão sofrendo”, comentou Salim Anati, médico e diretor de um centro de saúde no campo de Shuafat. “Temos esperanças de que as coisas se acalmem, mas, no momento, não temos como saber”.
Ao reafirmar o impacto do cerco militar, prosseguiu Anati: “Pacientes de quimioterapia e diálise não conseguem viajar seguir com seu tratamento; crianças não conseguem ir à escola. Medidas assim equivalem a punição coletiva”.
Conforme dados estatísticos, este ano é mais letal na Cisjordânia ocupada desde 2015. Mais de cem palestinos foram executados desde janeiro – sobretudo civis. Outros 1.500 cidadãos foram detidos e aprisionados nas cadeias de Israel.