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Israel e Líbano firmam acordo de demarcação marítima sem reconhecimento mútuo

Os líderes libaneses e israelenses concluíram nesta quinta-feira (27) seu acordo de demarcação de fronteiras marítimas, sob mediação dos Estados Unidos, ao trazer certo alívio a uma disputa regional entre inimigos declarados, com intuito de explorar reservas de gás natural na costa do Mediterrâneo. As informações são da agência de notícias Reuters.

Chefes de estado e governo de Israel, Líbano e Estados Unidos celebraram o acordo “histórico”, mas a possibilidade de avanços diplomáticos entre ambos os países do Oriente Médio continua bastante tênue.

Como resultado, não houve cerimônia de assinatura conjunta: o presidente libanês Michel Aoun assinou o tratado em seu palácio em Baabda, perto de Beirute, na presença de Amos Hochstein, emissário americano que mediou as negociações.

“Ouvimos falar dos Acordos de Abraão, mas hoje sim marca o início de uma nova era”, declarou Elias Bou Saab, vice-presidente do parlamento e chefe de negociações de Beirute, em alusão ao pacto de normalização entre Israel, por um lado, e Emirados Árabes Unidos (EAU) e Bahrein, por outro, também sob mediação dos Estados Unidos.

O primeiro-ministro israelense Yair Lapid assinou sua cópia na cidade ocupada de Jerusalém, ao descrever o acordo com “tremenda conquista” que incide no reconhecimento de facto de Israel por parte do governo libanês.

“Não é todo dia que uma nação inimiga reconhece o Estado de Israel, em um acordo por escrito, à vista da comunidade internacional”, insistiu Lapid em reunião com seu gabinete, conforme os registros de vídeo da imprensa local.

Aoun, não obstante, destacou que o acordo é meramente “técnico”, “sem quaisquer dimensões políticas ou impacto que contradiga a política externa do Líbano”.

Emissários de baixo escalão de Líbano e Israel viajaram à base das tropas de paz da Organização das Nações Unidas (ONU) na região árabe de Naqoura, ao longo da fronteira terrestre ainda sob disputa – isto é, jamais demarcada oficialmente. Sua jornada teve como intuito enfim formalizar o processo.

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 Marcos políticos

A partir de Naqoura, as respectivas delegações enviaram suas cópias assinadas do acordo para os mediadores americanos, junto das novas coordenadas para as fronteiras marítimas, a serem registradas na ONU. O procedimento deve fazer com que o pacto entre em vigor.

O acordo antecede em dias marcos políticos significativos em ambos os países.

O mandato de Aoun expira na próxima segunda-feira, 31 de outubro; fontes políticas relataram que o presidente estava ansioso para selar o acordo como vitória política após seu mandato de seis anos.

Em 1º de novembro, Israel realiza suas eleições gerais – a quinta em menos de quatro anos.

Hochstein enfatizou que o acordo será cumprido, mesmo que haja mudanças nos governos de ambos os lados, de modo que Washington servirá de avalista para asseverar sua aplicação. “Se um dos lados violar o acordo, ambos perdem”, advertiu o mediador.

O tratado remove uma fonte de conflito em potencial entre Tel Aviv e o movimento Hezbollah, apoiado por Teerã. Há também esperanças de que atenue a severa crise econômica que toma o Líbano desde 2019.

Uma descoberta de reservas energéticas em alto-mar, embora não seja suficiente para resolver os profundos problemas do estado levantino, deve fornecer certo respiro ao Líbano, ao resultar na chegada de tão necessária moeda estrangeira e mesmo superar os blecautes que assolam a população.

As áreas distantes do Mediterrâneo Oriental e das águas do Levante foram cenário de enormes descobertas de gás natural na última década. O interesse em explorar as novas fontes acresceu desde a invasão russa da Ucrânia, que fechou as torneiras rumo à Europa.

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Em nota publicada nesta quinta-feira, o Presidente dos Estados Unidos Joe Biden sugeriu que os recursos energéticos na região “não devem ser causa de conflito, mas sim ferramenta destinada a cooperação, estabilidade, segurança e prosperidade”.

O Hezbollah libanês – bastante influente na política nacional e pesadamente armado – conferiu seu aval silencioso ao novo acordo, ao menos até então.

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