Ghassan Daghlas – oficial da Autoridade Palestina (AP) incumbido da pasta dos assentamentos no norte da Cisjordânia ocupada – voltou a advertir sobre a escalada de ataques terroristas por parte de colonos ilegais contra os residentes palestinos.
As informações são da rede de notícias Al Quds Al Arabi.
“Há indícios de uma nova escalada de ataques coloniais e atos terroristas contra os palestinos e suas propriedades”, afirmou Daghlas.
Neste contexto, o Escritório Nacional de Defesa da Terra e Resistência contra os Assentamentos da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) registrou ao menos 110 ataques de colonos desde o início de outubro. Metade das agressões ocorreu nos últimos dez dias.
Os ataques de colonos ilegais contra os palestinos nativos nos territórios ocupados equivalem a crimes de guerra e lesa-humanidade segundo a lei internacional e compreendem os esforços de limpeza étnica conduzidos por Israel desde a Nakba – em árabe “catástrofe”, em 1948; como ficou conhecida a criação do Estado de Israel.
Segundo as informações, Aviv Kochavi – comandante máximo do exército israelense – ordenou a seus subordinados que “contenham a violência” dos colonos, em meio a críticas generalizadas em âmbito internacional.
A ordem de Kochavi contrasta com um anúncio do governo israelense enunciado em julho, no qual declarou apoio ao projeto “Magen”, com intuito de criar uma milícia colonial que trabalhe como reserva às Forças Armadas e ao contingente policial.
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Colonos também pediram permissão ao exército para obter metralhadoras M4 e M16 ao alegar que suas pistolas automáticas são impróprias a “autodefesa”. Dado que seus ataques contra os palestinos nativos costumam ter como vítimas cidadãos desarmados, o pedido sugere escalada deliberada nos atentados terroristas de cunho colonial.
As agências de segurança de Israel parecem aguardar ansiosamente por tais avanços. Analistas creem que a escalada deve levar a maior instabilidade na região.
Há alguns meses, colonos lançaram uma nova milícia chamada “Guarda Civil”, com objetivo de realizar “operações de varredura” nas estradas de Huwara, ao sul de Nablus. Conforme a OLP, a milícia opera sob escolta da ocupação militar e sob licenças de posse e porte de arma deferidas pela Administração Civil de Israel – que, apesar do nome, é encabeçada pelas Forças Armadas.
A OLP reiterou que a milícia não se restringe a defender colonos nas estradas, como alega, mas sim perpetrar atos terroristas. O Ministro de Segurança Interna de Israel Omer Bar Lev admitiu recentemente que colonos estão envolvidos em “terrorismo organizado” na Cisjordânia.
A OLP reafirmou que a massificação de armas nas mãos dos colonos não é novidade tampouco fenômeno passageiro; o uso de armamentos pesados para intimidar os palestinos nativos não é mais segredo.
Vídeos registraram quando um colono atirou contra cidadãos árabes na aldeia de At-Tuwani, ao sul de Hebron, em 26 de junho. Mais recentemente, uma câmera capturou o momento no qual um soldado orienta um colono em como usar gás lacrimogêneo contra os palestinos, em Burin, ao sul de Nablus. Outro vídeo mostra um israelense em vestes comuns entregando uma bomba de gás lacrimogêneo a um colono e direcionando o ataque.