Jordânia e Rússia concordaram em aprimorar sua coordenação para abordar a instabilidade no sul da Síria. O país árabe culpa milícias pró-Teerã e uma rede bilionária de tráfico de drogas por problemas na fronteira.
As informações são da agência de notícias Reuters.
Nesta quinta-feira (3), o Ministro de Relações Exteriores da Jordânia Ayman al-Safadi expressou sua apreensão a seu homólogo russo Sergey Lavrov. A conversa de ambos se concentrou no sul da Síria e em esforços para “neutralizar riscos de instabilidade”.
“Há necessidade de coordenação e este é o foco de nossas discussões abrangentes”, comentou Safadi em coletiva de imprensa. “Destacamos as ameaças do tráfico de drogas à Jordânia e para além de seu território representada por milícias hostis”.
A Rússia, cuja intervenção militar ajudou o presidente sírio Bashar al-Assad a repelir a oposição e recapturar boa parte do país, após dez anos de guerra civil, ainda apoia a uma solução política para o conflito, reafirmou Lavrov.
Nos últimos anos, a crescente influência de milícias pró-Teerã – incluindo o Hezbollah libanês – no sul da Síria foi aventada com alarde por Jordânia e Israel.
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O rei hachemita Abdullah admitiu receios de que a invasão da Ucrânia pudesse favorecer Teerã ao preencher a lacuna deixada pela Rússia no território vizinho. Neste entremeio, Amã pede ao Kremlin que reafirme seu compromisso para com a região.
Fontes regionais de inteligência disseram que Moscou, nos meses recentes, voltaram a ampliar seu policiamento militar na região de fronteira, conforme os apelos da Jordânia.
A escalada em atos de contrabando compeliu o reino hachemita, neste ano, a alterar regras de engajamento de suas Forças Armadas ao longo da fronteira, ao permiti-las recorrer a força letal, caso “necessário”.
“Com a persistente crise no sul da Síria, o reino fará o necessário para preservar sua segurança”, insistiu Safadi.
A Síria tomada pela guerra tornou-se epicentro da produção e do tráfico de drogas da região. O território jordaniano tornou-se a principal rota a estados ricos do Golfo para anfetamina síria, segundo informações de agentes antinarcóticos do Ocidente e do governo dos Estados Unidos.
Agentes jordanianos emitiram seus receios a Damasco, mas não houve resposta efetiva. Assad alega “fazer seu melhor” para conter o tráfico de drogas; no entanto, seu regime é acusado de operar redes de contrabando no sul do território para contornar sanções internacionais.