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MEMO anuncia vencedores do Palestine Book Awards 2022

A premiação literária anual do Monitor do Oriente Médio – o Palestine Book Awards (PBA) – comemora sua 11ª edição; prêmios foram entregues a autores e suas obras
Sara Roy faz um discurso de abertura no Palestine Book Awards 2022 em 4 de novembro de 2022 [Sulaiman Lkaderi/Monitor do Oriente Médio]

Os vencedores do Palestine Book Awards (PBA) 2022 foram anunciados na noite de sexta-feira (4), durante um evento realizado em Londres, em homenagem aos autores e sua contribuição à literatura sobre a questão palestina.

Sete livros foram escolhidos por um painel de jurados e seus autores foram laureados em cinco categorias.

A 11ª edição do Palestine Book Awards foi conduzida presencialmente pela primeira vez desde 2019. No ano seguinte, a pandemia de coronavírus forçou o MEMO a adaptar as festividades ao meio digital. A cerimônia sucedeu um evento informal no dia anterior, na Galeria P21, na cidade de Londres, no qual os autores de nove dos livros finalistas debateram sua obra com um público seleto que participou ativamente da conversa.

A cerimônia deste ano do Palestine Book Awards contou com discurso de abertura de Victoria Brittain, jornalista, autora e ex-editora associada para assuntos estrangeiros do jornal britânico The Guardian.

A seguir, os vencedores da 11º Palestine Book Awards (2022), nas seguintes categorias:

 Literatura Criativa

Heba Hayek, por Sambac Beneath Unlikely Skies

Mosab Abu Toha, por Things You May Find Hidden in My Ear: Poems from Gaza

Tradução

Dalia and Mouin Rabbani, por sua tradução ao inglês de Power Born of Dreams, de autoria de Mohammad Sabaaneh

Pesquisa Acadêmica

Ashjan Ajour, por Reclaiming Humanity in Palestinian Hunger Strikes: Revolutionary Subjectivity and Decolonizing the Body

Lara Sheehi e Stephen Sheehi, por Psychoanalysis Under Occupation: Practising Resistance in Palestine

Lynn Welchman, por Al-Haq: A Global History of the First Palestinian Human Rights Organization

Literatura Contra-corrente

Saree Makdisi, por Tolerance Is a Wasteland: Palestine and the Culture of Denial

Conjunto da Obra

Sara Roy

Brittain agradeceu ao diretor do MEMO, Daud Abdullah, à equipe do evento, aos jurados e aos autores finalistas em seu discurso de abertura. A repórter citou a ocupação israelense ainda em curso na Palestina e os milhares de presos políticos e indivíduos sob detenção administrativa – isto é, sem sequer julgamento ou acusação. Segundo Brittain, tais abusos são somente possíveis pela “indiferença de Londres e de Washington”, que perseveram como “maiores apoiadores” da ocupação. Brittain insistiu que a premiação e suas vozes “representam uma enorme esperança perante a tirania em todo lugar” e enfatizou a solidariedade à causa palestina pela maior parte do Sul Global.

LEIA: Autores finalistas do Palestine Book Awards participam de evento em Londres

Sara Roy – consagrada economista política e pesquisadora do Centro para Estudos do Oriente Médio da Universidade de Harvard – também falou ao público, ao mencionar a importância de garantir que a Palestina mantenha sua presença em eventos políticos e literários. Roy recordou sua vida e seu trabalho na Palestina ocupada, ao refletir igualmente sobre a vida de sua família, sobrevivente do Holocausto. Ao fazê-lo, Roy apresentou um vínculo veemente entre presente e passado, ao explorar temas de horror, fome e humanidade.

O prêmio de Pesquisa Acadêmica deste ano foi concedido a um grupo de autores, entre os quais Ashjan Ajour, por “seu estudo pioneiro de um dos aspectos mais críticos da resistência nativa”, isto é, a prática cada vez mais comum de greve de fome, em Reclaiming Humanity in Palestinian Hunger Strikes, e Lara e Stephen Sheehi, por seu estudo Psychoanalysis Under Occupation, que demonstra como a psicanálise no contexto da ocupação pode ser questão “de vida ou morte”.

Lynn Welchman venceu na mesma categoria por Al-Haq, A Global History of the First Palestinian Human Rights Organisation, que elucida as origens e o desenvolvimento da ong Al-Haq, grupo de direitos humanos “que, há 40 anos, desafia as políticas israelenses adotadas para privar os palestinos de seus direitos e que mudou efetivamente as percepções do mundo externo sobre uma realidade chocante”

Na categoria que honra o trabalho dos tradutores, Dalia e Mouin Rabbani foram laureados por sua edição ao inglês de Power Born of Dreams, do cartunista do MEMO, Mohammad Sabaaneh — uma recriação única dos cenários palestinos sob ocupação e violações cotidianas. Os jurados exaltaram a tradução delicada acompanhada dos traços de Sabaaneh. O próprio autor entregou o prêmio a seus tradutores.

Sabaaneh discursou ao público e expressou oposição a tentativas de desencorajá-lo a regressar à Cisjordânia, devido aos riscos em potencial. “Viajamos para lutar, para resistir, parar criar uma vida para a próxima geração de palestinos”. O público o aplaudiu entusiasmado.

Dois autores foram laureados na categoria Literatura Criativa: Heba Hayek, por Sambac Beneath Unlikely Skies, romance que retrata a vida de uma jovem em Gaza e, então, em seu exílio na Europa; e Mosab Abu Toha, por sua antologia de poesias intitulada Things You May Find Hidden in My Ear: Poems from Gaza.

Saree Makdisi, crítico literário árabe-americano e professor de inglês e literatura comparada na Universidade de Los Angeles da Califórnia (UCLA), venceu na categoria Contra-corrente, por sua obra Tolerance is a Wasteland, que expõe as contradições entre a imagem pública de Israel e as agruras diárias enfrentadas pelos palestinos sob ocupação. Os jurados exaltaram o texto como “elegante exploração de como uma cultura negacionista se fabrica para confortar os liberais”.

A noite se encerrou com o prêmio pelo Conjunto da Obra, consagrado a Sara Roy, veterana já laureada previamente com o Palestine Book Awards, cujo extenso trabalho medita sobre os temas da economia palestina sob ocupação e de sua decadência ao longo de décadas.

O Palestine Book Awards – evento consagrado do Monitor do Oriente Médio – resulta de meses de dedicação de nossa equipe e anos de trabalho literário dos autores.

Inscrições para 2023 serão abertas em janeiro, tanto a editoras nacionais quanto internacionais. São aceitas obras em inglês cujo assunto é a questão palestina. Para inscrever-se, acesse o site do Palestine Book Awards. O calendário de inscrições será divulgado na virada do ano.

LEIA: Poder nascido dos sonhos: Minha história é a Palestina

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