A “mensagem da supremacia judaica” domina o currículo cívico proposto por Israel, disseram fontes do Ministério da Educação. O currículo foi formulado ao longo do ano passado por cinco membros do comitê de currículo. Todos são judeus e três são religiosos. O currículo deve servir de base para um novo programa de educação cívica do ensino médio no futuro e está pendente de aprovação final.
“O programa transmite bem a mensagem da supremacia judaica aos estudantes”, disse o professor Mordechai Kremnitzer, da Universidade Hebraica de Jerusalém e do Instituto de Democracia de Israel, ao Haaretz. Ele enfatizou que a contribuição do sistema educacional de Israel não pode ser ignorada ao analisar os resultados das eleições recentes. “O assunto foi sequestrado pela direita e moldado de acordo com seus valores”, disse outro funcionário do Ministério da Educação, falando sob condição de anonimato.
Grupos supremacistas judeus e membros do Knesset israelense que foram criticados por suas visões abertamente fascistas emergiram como os maiores vencedores. Eles conquistaram 14 assentos, o terceiro mais alto, mas, mais importante, eles se tornaram kingmakers (definidores de quem será o primeiro-ministro) para o futuro próximo.
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O novo currículo é destinado à nona série em escolas públicas religiosas e não religiosas na comunidade geral e escolas públicas nas comunidades árabes e drusas. Recentemente, o assunto foi discutido entre altos funcionários do Ministério da Educação.
De acordo com uma cópia do currículo obtida pelo Haaretz, a primeira parte trata da Declaração de Independência de Israel, com foco nas “autoridades governamentais e uma série de símbolos e leis representativas”. A segunda parte oferece uma lista de tópicos a escolher, incluindo “Israel e a Diáspora”, “Relações Religião-Estado”, “O Conflito Árabe-Israelense” e “Os Pais Fundadores”. Não há menção à existência de milhões de palestinos ou à desigualdade econômica e social dentro de Israel.
A palavra “igualdade não é mencionada uma única vez no novo currículo, enquanto no currículo atual, a palavra aparece nove vezes, principalmente no que diz respeito à igualdade perante a lei. A palavra “Leal” foi introduzida pela primeira vez no contexto de “cumpridor da lei e leal ao Estado.” A lista de objetivos não inclui a obrigação do Estado de cuidar e servir seus cidadãos e que a palavra “direitos” não aparece.
“No coração do sistema democrático está o ser humano, juntamente com várias combinações de valores de igualdade e liberdade. Isso não é visto no currículo”, disse um funcionário do Ministério da Educação. Diz-se que o termo dignidade humana foi removido. O currículo ainda não foi aprovado e está em análise.
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