Restrições impostas pelas autoridades israelenses sobre o desenvolvimento do povo palestino na chamada Área C, da Cisjordânia ocupada, custaram à economia local US$50 bilhões entre os anos de 2000 e 2020, advertiu a Organização das Nações Unidas (ONU) em documento emitido nesta quarta-feira (23).
A Área C constitui cerca de 61% da Cisjordânia ocupada e permanece sob controle absoluto das autoridades ocupantes. As restrições instauradas sobre a vida local custam em torno de US$2.5 bilhões por ano.
“Apesar das diversas resoluções da Assembleia Geral e do Conselho de Segurança da ONU, que reafirmam a ilegalidade, sob a lei internacional, dos assentamentos e da aquisição de territórios à força, tais áreas continuam a crescer e se expandir”, alertou a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD).
Neste entremeio, o acesso do povo palestino às áreas remanescentes da Cisjordânia permanece “pesadamente restrito”, prosseguiu o relatório.
Sob os Acordos de Oslo, firmados em 1995 por Israel e pela então fundada Autoridade Palestina (AP), preveem que a área constituída por Cisjordânia e Jerusalém Oriental seja dividida em três partes: Área A, B e C. Cerca de 400 mil palestinos vivem na Área C, submetidos a pleno controle militar por parte da ocupação.
LEIA: Israel rejeita 116 planos para expandir cidades palestinas na Cisjordânia
O relatório corroborou que Israel impede os palestinos de conduzir projetos de construção civil na chamada Área C, mas favorece a expansão dos assentamentos ilegais.
Alvarás de construção são taxados de maneira exorbitante aos palestinos empobrecidos, com o intuito de criar um vazio demográfico e estrutural que permita a Tel Aviv anexar cada vez mais terras originárias. Para tanto, os palestinos são privados de projetos de infraestrutura.
O estado sionista, em contrapartida, defere obras de milhares de unidades residenciais situadas nos assentamentos ilegais, construídos em terras palestinas.
“Encerrar essas restrições daria à economia palestina uma base bastante necessária de recursos naturais e financeiros para o desenvolvimento e para reverter a tendência de aprofundamento da crise fiscal e de privação socioeconômica”, concluiu o relatório.