Milhares de sudaneses tomaram as ruas nesta quarta-feira (30) contra um acordo entre grupos civis e as Forças Armadas, cuja redação deve ser concluída em breve. Os atos foram convocados pelo Comitê de Resistência da cidade de Omdurman, no estado de Cartum.
Os manifestantes se reuniram em frente ao parlamento nacional, entoando palavras de ordem contra o acordo mediado pela comunidade internacional.
“Somos contra qualquer concessão, como conversamos nos comitês de resistência”, comentou o ativista Ahmed Hassan à agência Anadolu. “Insistimos em nossas demandas, sem negociação, sem concessão e sem qualquer parceria com o exército”.
A polícia reprimiu os protestos com gás lacrimogêneo. Não houve confirmação de feridos.
O exército administra o Sudão desde um golpe de estado em outubro de 2021. Não obstante, as Forças por Liberdade e Mudança – órgão de caráter civil que ajudou a depor o ditador Omar al-Bashir – consentiram em um panorama político junto dos militares, no início de novembro.
LEIA: Comunidade internacional clama por um governo civil no Sudão
Ambos os lados concordaram em estabelecer novas regras para um governo civil de transição, a fim de culminar em eleições gerais. Conforme as Forças por Liberdade e Mudança, as conversas entre as partes continuarão até a assinatura de um acordo final.
O pacto deve abordar assuntos de justiça transicional, reforma das Forças Armadas e do setor de segurança e revisão do chamado Acordo de Paz de Juba, firmado em outubro de 2020.
Representantes civis e militares se engajaram em longas conversas sob patronato de um comitê internacional, que compreende Estados Unidos, Grã-Bretanha, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e a Missão Especial das Nações Unidas para o Sudão.
Mais de 120 manifestantes foram mortos desde o golpe militar de 25 de outubro.
LEIA: Os homens de Al-Bashir no setor de telecomunicações