Manifestantes invadem sede do governo local no sul da Síria, testemunhas reportam tiros

Protesto contra o presidente sírio Bashar al-Assad em Idlib, 18 de março de 2021 [Muhammed Said/Agência Anadolu]

Dezenas de manifestantes indignados com a piora nas condições econômicas da Síria invadiram e saquearam o escritório do governador na cidade de Sweida, no sul do país, neste domingo (4). Segundo autoridades e testemunhas, houve confronto com a polícia.

Cerca de 200 pessoas se reuniram na frente do edifício público, no centro da cidade de maioria drusa, entoando palavras de ordem como “Fora Assad”, em alusão à má gestão econômica e a carestia imposta pelas medidas do presidente sírio Bashar al-Assad.

Protestos contra Assad em áreas controladas por seu regime são raríssimos e nunca tolerados.

A imprensa estatal alegou que dezenas de “fora-da-lei” invadiram a sede do governo e atearam fogo a arquivos e documentos oficiais.

Segundo o Ministério do Interior, os manifestantes também tentaram entrar na sede da polícia local, resultando na morte de um agente de segurança.

“Vamos atrás de todos os fora-da-lei e vamos tomar todas as medidas legais contra quem quer que ouse sabotar a segurança e estabilidade da província”, alertou o governo, em comunicado.

Três testemunhas reportaram à agência Reuters que o governador não estava presente e que o prédio fora evacuado antes do incidente.

“O escritório do governador foi queimado completamente de dentro”, afirmou Rayan Maarouf, ativista por direitos civis e editor do website local Suwaida 24. “Houve forte tiroteio”

Uma fonte no hospital municipal informou que um civil faleceu após ser baleado no local, então transferido ao pronto-socorro; outro continua internado com ferimentos a bala.

Em termos relativos, a província de Sweida foi poupada da violência vivenciada em outras áreas do país, desde o início do duradouro conflito deflagrado pela repressão brutal do regime contra protestos por democracia.

A minoria drusa – cuja fé tem raízes islâmicas – resiste, desde então, a envolver-se diretamente na guerra civil, cujos protagonistas são rebeldes de maioria sunita diante das forças de Assad e aliados. Porém, muitos líderes religiosos e comunitários se negaram a boicotar o recrutamento.

A população síria sofre com uma crise econômica sem precedentes – para além da crise social e humanitária devido ao conflito. Centenas de milhares morreram e milhões de deslocados lutam para arcar com bens essenciais e alimentos.

Testemunhas em Sweida afirmaram à Reuters que, uma vez dentro do prédio, os manifestantes removeram e destruíram fotografias de Assad das paredes das repartições.

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