Diplomacia dos Emirados diz que laços europeus com o Golfo não devem ser apenas pontuais

Ministro de Estado das Relações Exteriores dos Emirados Árabes Unidos, Anwar Gargash, em Jeddah, em 17 de julho de 2019. [Amer Hilabi/AFP/Getty Images]

Anwar Gargash, assessor diplomático do presidente dos Emirados Árabes Unidos, disse no sábado que era encorajador ver um maior alcance na aproximação europeia dos países do Golfo Árabe em face do conflito na Ucrânia e da crise energética, mas que o engajamento não deveria ser apenas um negócio, relata a Reuters.

Várias autoridades europeias visitaram países do Golfo para garantir o fornecimento de energia fora da Rússia, ex-principal fornecedora, depois que o Ocidente impôs sanções a Moscou devido à invasão da Ucrânia.

“O que estamos ouvindo, especialmente dos alemães e outros, sobre o reengajamento com o Golfo, me encoraja, mas gostaria de alertar que não deve ser uma transação”, disse Gargash durante a Conferência Mundial de Política em Abu Dhabi.

“Acho que essa linguagem é parcialmente motivada pelo interesse próprio – tentando encontrar novos fornecedores de gás, novos fornecedores de petróleo”, disse ele. “Precisamos ver ações… tem que ser de longo prazo e estratégicas.”

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Gargash reiterou um pedido de garantias de segurança “explícitas” de aliados ocidentais tradicionais, especialmente ao lidar com a ameaça de drones iranianos sobre os quais os estados do Golfo há muito alertam.

Nada ocorreu, até que essas armas “chegaram ao teatro da Ucrânia” e foram “catapultadas” para os holofotes e, “de repente, o mundo redescobriu esse problema”, disse Gargash.

Estados ocidentais acusaram a Rússia de usar drones iranianos para atacar alvos na Ucrânia, o que Teerã e Moscou negaram.

Os Estados do Golfo há muito pressionam as potências globais a lidar com seus temores sobre os programas de mísseis e drones do Irã em esforços agora paralisados para reviver um acordo nuclear de 2015 com o Irã, do qual o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, saiu em 2018.

“Esta é uma oportunidade para todos nós revisitarmos todo o conceito”, disse Gargash, referindo-se ao pacto nuclear com o Irã.

Os países do Golfo têm resistido à pressão ocidental para romper com a Rússia, outro membro da aliança de produtores de petróleo da Opep+, que em outubro concordou em cortar as metas de produção.

Gargash disse que alguns países, que ele não citou, estão carregando laços com “bagagem moralista e outros interesses”, acrescentando que a política tem que ser “mais realista se você quiser resultados”.

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