O regime militar do Egito, sob comando do presidente e general Abdel Fattah el-Sisi, confirmou que todo empreendedor que queira abrir um novo negócio, incluindo mercados e cabelereiros, deve buscar aprovação do aparato de segurança.
Segundo decreto, oitenta e três atividades comerciais estão sujeitas a tais alvarás, embora lojas, instalações e clubes pertencentes ao exército sejam isentos.
A lista inclui sapatarias, cafés, lojas de videogames, lojas de aparelhos eletrônicos, decoradores e estúdios de música.
الأنشطة التجارية اللي محتاجة موافقة أمنية … كوريا الشمالية رسمي
وقال كنتم بتشتموا انجلترا امبارح، ده الاحتلال البريطاني لما اعلن الاحكام العرفية معملهاش! pic.twitter.com/ZbZ25lkhoJ
— Amr Bakly عمرو بقلي 🇺🇦 (@ABakly) December 11, 2022
“É oficial, vivemos agora na Coreia do Norte”, afirmou o ativista Amr Bakly no Twitter. “Mesmo quando os britânicos declararam lei marcial [no Egito], jamais fizeram algo assim”.
O país norte-africano vive uma grave crise econômica, marcada pelo aumento da dívida pública. O exército controla setores da economia, reduzindo drasticamente oportunidades de emprego e subsistência para a população. O decreto deve agravar a situação.
A invasão russa na Ucrânia também aprofundou a crise. O Egito é o maior importador de grãos do mundo e depende dos países em guerra para 80% de seu abastecimento.
A guerra implica ainda na queda dos índices de turismo ao Egito. Rússia e Ucrânia eram alguns dos principais mercados a um dos principais setores da economia.
O decreto coincidiu com uma nova legislação para o comércio no país. Os donos de lojas têm de pagar US$4.000 ao regime militar para abrir as portas, sujeitos a multa e prisão.
Em 2020, à medida que a pandemia de covid-19 batia recordes diários, negócios fechavam e o desemprego no Egito atingia seus níveis mais altos em ao menos dois anos. “Esta é uma decisão lógica, considerando a recessão?”, questiona a população.
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