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Egito impõe ‘alvará de segurança’ para abertura de negócios

Trabalhadores embalam doces no Cairo, Egito, 4 de outubro de 2022 [Mohamed Abdel Hamid/Agência Anadolu via Getty Images]
Trabalhadores embalam doces no Cairo, Egito, 4 de outubro de 2022 [Mohamed Abdel Hamid/Agência Anadolu via Getty Images]

O regime militar do Egito, sob comando do presidente e general Abdel Fattah el-Sisi, confirmou que todo empreendedor que queira abrir um novo negócio, incluindo mercados e cabelereiros, deve buscar aprovação do aparato de segurança.

Segundo decreto, oitenta e três atividades comerciais estão sujeitas a tais alvarás, embora lojas, instalações e clubes pertencentes ao exército sejam isentos.

A lista inclui sapatarias, cafés, lojas de videogames, lojas de aparelhos eletrônicos, decoradores e estúdios de música.

“É oficial, vivemos agora na Coreia do Norte”, afirmou o ativista Amr Bakly no Twitter. “Mesmo quando os britânicos declararam lei marcial [no Egito], jamais fizeram algo assim”.

O país norte-africano vive uma grave crise econômica, marcada pelo aumento da dívida pública. O exército controla setores da economia, reduzindo drasticamente oportunidades de emprego e subsistência para a população. O decreto deve agravar a situação.

A invasão russa na Ucrânia também aprofundou a crise. O Egito é o maior importador de grãos do mundo e depende dos países em guerra para 80% de seu abastecimento.

A guerra implica ainda na queda dos índices de turismo ao Egito. Rússia e Ucrânia eram alguns dos principais mercados a um dos principais setores da economia.

O decreto coincidiu com uma nova legislação para o comércio no país. Os donos de lojas têm de pagar US$4.000 ao regime militar para abrir as portas, sujeitos a multa e prisão.

Em 2020, à medida que a pandemia de covid-19 batia recordes diários, negócios fechavam e o desemprego no Egito atingia seus níveis mais altos em ao menos dois anos. “Esta é uma decisão lógica, considerando a recessão?”, questiona a população.

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