O Ministro da Defesa de Israel Benny Gantz sugeriu nesta segunda-feira (19) que a comunidade internacional aproveite protestos em curso no Irã para pressionar o regime por um novo acordo nuclear, segundo informações do jornal Maariv.
O apelo de Gantz foi enunciado na abertura da Cúpula de Mídia Judaica, evento anual realizado pela Secretaria de Imprensa do governo israelense, com a presença de mais de cem repórteres de todo o mundo.
“O Irã, primeiro de tudo, é um desafio global e regional, não apenas uma ameaça a Israel”, disse o ministro em fim de mandato e ex-comandante máximo do exército israelense. “Assim como a OTAN [Organização do Tratado do Atlântico Norte] age de forma coordenada no que se refere à Ucrânia, temos de pressionar nossos parceiros para assim tratar o Irã … antes que se torne uma potência nuclear”.
Tel Aviv, junto de capitais regionais e ocidentais, encabeçadas por Washington, acusam o Irã de tentar obter armamentos atômicos. Teerã insiste que seu programa nuclear tem objetivos civis, sobretudo geração de energia.
Gantz alegou, no entanto, que a república islâmica pode chegar a um ponto de não-retorno em termos de atividade nuclear.
“Tempo corre e Teerã sofre com problemas internos, dificuldades econômicas e críticas por seu apoio à Rússia durante a crise na Ucrânia. Agora, mais do que nunca, é preciso pressão por um melhor acordo, para conter os avanços nucleares. Contudo, caso os esforços falhem, é hora de mostrar e exercer força”, alertou Gantz. “Temos de nos concentrar em impedir o pior antes que seja tarde”.
Israel, não obstante, possui um arsenal nuclear que não se submete a qualquer monitoramento internacional. Teerã e Tel Aviv consideram-se mutuamente arqui-inimigos.
Em 5 de dezembro, o regime iraniano confirmou não aderir à retomada de negociações sobre o acordo nuclear de 2015, ao advertir contra a pressão de seus interlocutores.
Nasser Kanaani, porta-voz do Ministério de Relações Exteriores do Irã, destacou na ocasião que as negociações têm uma lógica própria e observou que o tratado caiu por terra ao ser revogado unilateralmente pelos Estados Unidos de Donald Trump, em 2018.
“Teerã permanece comprometido com o diálogo e busca resolver a questão”, reiterou Kanaani. “Porém, não negociaremos por mera necessidade de negociar. A demanda ocidental para tanto não é menor do que a nossa. O acordo está sobre a mesa, as partes relevantes podem alcançá-lo a qualquer momento”.
Conversas indiretas entre Irã e Estados Unidos perduram desde abril de 2021, em Viena, capital da Áustria, com intuito de reaver o acordo nuclear.
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