Paris se transformou em um campo de batalha no fim de semana. Protestos da comunidade turca tomaram as ruas e praças da capital francesa. Segundo a imprensa turca e parte da grande mídia europeia, atos convocados por apoiadores do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) – designados “terrorista” por Turquia, Estados Unidos e União Europeia – resultaram em ao menos 30 policiais feridos, às vésperas do Natal.
Os manifestantes marcharam ao Boulevard du Temple.
A imprensa turca – ligada ao governo de Recep Tayyip Erdogan – apontou que os presentes entoaram cantos pró-PKK e exibiram faixas e retratos dos líderes da organização.
A intervenção policial foi logo subjugada. Em Paris, é comum que manifestantes atirem pedras nos agentes da repressão que buscam contê-los com gás lacrimogêneo. As autoridades insistem que os protestos resultam em vandalismo contra ônibus, lojas e residências. Os manifestantes recorreram a fogos de artifício e sinalizadores para forçar sua descida ao centro da cidade.
Os confrontos se deflagraram após um ataque a tiros, perpetrado por um supremacista branco de 69 anos na sexta-feira (23), em um distrito movimentado da capital francesa, que deixou três mortos e três feridos.
O PKK enfrenta a Turquia para estabelecer um estado-nação ao longo da fronteira com a Síria e com o Iraque. Sua campanha já dura 35 anos, em meio a troca de acusações de violações graves de ambos os lados. O regime de Erdogan insiste que o PKK é responsável pela morte de mais de 40 mil pessoas.
Embora criminalizado, o grupo mantém presença em alguns países da Europa.
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‘Exploração política’
Em entrevista à agência Anadolu, o jornalista francês Jean-Michel Brun, editor-chefe do website Musulmansenfrance, alegou “exploração política” por parte dos manifestantes.
“Quando vemos as imagens destes protestos, nos quais pessoas começam incêndios, destroem carros e atiram projéteis contra agentes policiais, vemos que não se trata de uma manifestação de apoio às famílias das vítimas, mas sim questão de exploração política”, insistiu Brun.
“Espero que o povo e o governo da França não sejam ludibriados.”
O repórter francês reiterou a versão dos fatos segundo a qual os tumultos são responsabilidade de membros do PKK, considerados hostis à Turquia e seu governo. Brun corroborou a versão de que houve declarações de ódio ao povo turco em meio aos manifestantes.
Natal de angústia
Em entrevista à agência Anadolu, alguns residentes de Paris compartilharam apreensão sobre a violência e as tensões que tomaram a cidade desde o atentado.
“Quebraram tudo”, alegou um residente francês. “Caminhões, carros, motos, tudo”.
Uma testemunha afirmou “surpresa” com a violência nas ruas. Protestos em Paris, no entanto, são notórios por sua intensidade.
“É muito triste ver isso no dia do Natal”, lamentou a fonte.
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