Sophie Ben-Dor, filha de Eli Cohen, espião israelense executado na Síria, recorreu aos Emirados Árabes Unidos (EAU) para que intervenham pela liberação do corpo de seu pai.
Em entrevista à rede em árabe i24NEWS, Ben-Dor pediu ajuda ao embaixador dos Emirados em Tel Aviv, para reaver e sepultar os restos mortais, quase seis décadas após o agente do Mossad ser executado por espionagem, em maio de 1965.
“Peço aos Emirados, que têm um lugar de destaque junto a nosso país e na arena internacional, que nos ajudem a mediar e alcançar um acordo com a Síria, para que devolvam o corpo de meu pai”, insistiu Ben-Dor. “É uma ótima ideia e não estou sozinha, adotar um canal incomum, um canal árabe para tanto … teremos respostas e, com a motivação certa, será tudo mais rápido”.
“A família emitirá um apelo oficial ao embaixador emiradense em Israel”, confirmou Ben-Dor.
Há décadas, Damasco recusa-se a entregar o corpo do espião condenado à família. O primeiro pedido foi de sua esposa, Nadia, em novembro de 1965. A família também apelou a Moscou, no último ano, com o mesmo objetivo. Segundo a imprensa, forças russas – que intervém na Síria a favor do regime de Bashar al-Assad – tentaram localizar os restos mortais; porém, sem êxito.
Após o fracasso, em meio ao isolamento russo devido à invasão militar da Ucrânia, os familiares compreenderam que Abu Dhabi pode se tornar a última esperança para sepultar o espião, por meio da normalização de laços entre Emirados e Israel e da reaproximação da monarquia com o regime em Damasco.
O apelo de Ben-Dor sucede em poucas semanas a decisão do diretor do Mossad, David Barnea, de remover o sigilo da mensagem final de Cohen aos serviços de inteligência, logo antes de sua captura. O contato interceptado reportou um encontro entre o então presidente sírio Amin al-Hafiz e o alto-comando militar, em meio aos eventos que antecederam a Guerra dos Seis Dias, o que possivelmente favoreceu a vitória de Israel em 1967.
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