Neste ano que se encerra, o Monitor do Oriente Médio (MEMO) manteve sua cobertura assídua sobre os principais fatos do Brasil e do mundo, com destaque para a região do Oriente Médio e Norte da África. Relembre a seguir os principais acontecimentos de 2022.
O ano teve início com o falecimento do professor e ex-presidente do Instituto de Cultura Árabe no Brasil (ICArabe), Mohamed Habib, aos 80 anos de idade, em 26 de janeiro. Nascido no Egito, Habib foi professor e pró-reitor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A comunidade árabe no Brasil lamentou e prestou homenagens ao professor, pesquisador e ativista solidário à causa palestina.
No mês seguinte, a morte do menino Rayan Awram, de cinco anos de idade, no Marrocos causou comoção. Rayan caiu em um poço perto de sua aldeia; esforços de resgate e o pesar por sua morte tomaram o país. O episódio – embora trágico – tornou-se símbolo de um sentimento unívoco de solidariedade dos povos árabes.
Ainda no final de fevereiro, a guerra demonstrou não ter fronteiras, quando a Rússia invadiu a vizinha Ucrânia e incitou temores e incertezas na Europa e no restante do mundo. No entanto, a cobertura racista da guerra se evidenciou quando usuários das redes sociais postaram fotos da menina palestina Ahed Tamini, diante de soldados israelenses, como se fosse ucraniana.
Logo no início de março, o MEMO conduziu análises críticas sobre a cobertura de imprensa, além do contexto político que culminou na guerra da Ucrânia, assim como os fatos que sucederam a invasão russa.
Em abril, sob escolta militar, mais de 700 colonos ilegais invadiram o complexo de Al-Aqsa, em Jerusalém ocupada, sob pretexto da Páscoa judaica (Pesach). O MEMO manteve sua cobertura sobre a escalada nas agressões coloniais nos territórios palestinos, incluindo aos lugares santos cristãos e muçulmanos de Jerusalém e outras cidades ocupadas.
Maio foi marcado pelo assassinato de Shireen Abu Akleh, correspondente palestino-americana da rede Al Jazeera, durante uma invasão militar israelense ao campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia ocupada. Shireen usava colete e capacete com identificação de imprensa quando foi atingida na cabeça por um disparo israelense. O incidente marcou uma nova escalada de Israel contra a liberdade de imprensa na Palestina.
Logo no início de junho, a União Europeia decidiu estender as sanções contra o regime sírio de Bashar al-Assad por mais um ano, em virtude da persistente repressão contra a população civil. As sanções permanecem em vigor desde 2011, quando Assad investiu com brutalidade contra protestos populares por democracia, deflagrando assim a guerra civil.
Julho foi o mês do Hajj, a peregrinação islâmica à cidade sagrada de Meca, na Arábia Saudita. O evento grandioso marcou o primeiro ano de peregrinação em massa de fiéis estrangeiros desde 2019, após dois anos de restrições devido à pandemia de coronavírus. Um milhão de pessoas realizaram o rito, um dos pilares do Islã, segundo as autoridades sauditas.
O mês de agosto começou com novos bombardeios de Israel à Faixa de Gaza sitiada. Ao menos 49 palestinos foram mortos, incluindo 17 crianças. Cerca de 350 residentes palestinos de Gaza foram feridos; em torno de 1.500 casas foram danificadas. O fim de semana de terror chegou ao fim sob cessar-fogo mediado pelo Egito, entre Israel e o movimento de Jihad Islâmica.
Setembro deu início aos protestos em massa no Irã, uma insurreição sem igual desde o ano de 2019. Os novos levantes na república islâmica se deflagraram após a morte da jovem cidadã curdo-iraniana Mahsa Amini, em custódia da polícia de moralidade. As manifestações continuam e devem avançar a 2023: acompanhe no MEMO os protestos no Irã.
Outubro foi um mês de tensão no Brasil, com o ápice da disputa eleitoral entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o incumbente Jair Bolsonaro. Apesar do veemente uso da máquina pública e de fake news pelo candidato de extrema-direita, Lula venceu o segundo turno, em 30 de outubro, e será empossado no domingo, 1º de janeiro de 2023. A vitória de um dos líderes mais populares da América Latina impôs uma dura derrota às aspirações da extrema-direita no cenário internacional.
O ano terminou com a Copa do Mundo FIFA no Catar, entre 20 de novembro e 18 de dezembro, cujo ápice foi uma final épica que consagrou o tricampeonato argentino. A Copa foi a primeira em um país árabe e islâmico, marcada por eventos extraordinários, como a presença palestina nos campos e a torcida ao Marrocos – surpreendente seleção que bateu favoritas e chegou às semifinais do torneio, conquista inédita dentre as equipes árabes e africanas.
Como um ciclo que se fecha, o pesar sobre o menino marroquino Rayan e sobre as tragédias na Palestina histórica se converteu, ao menos por um breve momento, em felicidade e entusiasmo pelas surpresas do mundo da bola.
Continue a acompanhar nossa cobertura sobre fatos históricos em 2023.
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