Um dos aspectos mais aterradores da tomada em curso da Palestina histórica por Israel é como, apesar de seu extenso catálogo de violações de direitos humanos e da lei internacional, dentre as quais o crime de apartheid, o projeto sionista é capaz de manter apoio de uma vasta porção de liberais e “progressistas” dos países ocidentais. É bem comum, por exemplo, que celebridades e políticos intuitivamente opositores do racismo façam doações generosas causas sionistas, cujo objetivo principal é preservar o sistema de apartheid e limpeza étnica.
Este fenômeno estranho – definido pela hipocrisia liberal me manter o apoio a Israel – recebeu uma alcunha própria: Progressistas Exceto para a Palestina (PEP). A expressão foi cunhada em 2021 por Mark Lamont Hill e Mitchell Plitnick em seu livro, Except for Palestine: The limits of progressive politics – ou Exceto para a Palestina: Os limites da política progressista. Sua tese foi reconhecida como melhor obra acadêmica da última edição do Palestine Book Awards. Além de expor o deplorável padrão duplo na retórica ocidental, o livro incitou debates sobre custo moral e político de conservar apoio a Israel, quando há um consenso quase global sobre as práticas de apartheid perpetradas pela ocupação.
Saree Makdisi avança ainda mais nessa discussão. Como Israel foi capaz de escapar do rótulo de apartheid? Ou nas palavras do próprio autor: “Como um projeto brutal de expropriação colonial e discriminação racial pôde ser repaginado a algo sob a crença profundamente enraizada de que é seu exato oposto – por meio de todo um sistema de investimento emocional, percepções sob curadoria e performances pedagógicas?”
A pergunta é: por que Israel é capaz de encobrir suas gravíssimas violações da lei internacional? Tolerance is a Wasteland propões uma explicação convincente e impactante.
Este livro é finalista do Palestine Book Awards 2022, acesse o website da premiação (em inglês) para a resenha completa.