Altos representantes de agências das Nações Unidas publicaram um comunicado destacando os impactos do atraso na renovação da resolução 2642, que permite a entrada de ajuda humanitária pelo noroeste da Síria, na fronteira com a Turquia.
O texto, aprovado em junho de 2022, tem validade até dia 10 de janeiro. Os escritórios da ONU alertam que, caso o Conselho de Segurança não consiga votar a favor de sua renovação, as consequências podem catastróficas para 4,1 milhões de pessoas em áreas não controladas pelo governo.
Ajuda humanitária em risco
O comunicado foi assinado pelo Escritório da ONU para Assuntos Humanitários, a Organização Internacional para Migrações, a Agência das Nações Unidas para Refugiados, o Fundo da ONU para a Infância, o Programa Mundial de Alimentos e a Organização Mundial da Saúde.
Segundo a nota, mulheres e crianças são a maioria dentre os que precisam de assistência apenas para sobreviver no auge do inverno e em meio a um grave surto de cólera.
Sem as operações transfronteiriças da ONU, milhões de pessoas, especialmente os deslocados, não terão acesso a comida e abrigo ou meios para ajudar a lidar com as duras condições de inverno.
Também ficariam em risco as capacidades de vigilância, o tratamento e testagem necessárias para conter a cólera, o fornecimento da água potável e a proteção contra a violência de gênero.
Atuação da ONU
O comunicado ainda afirma que a impossibilidade do Conselho de Segurança em estender a resolução também significaria que o Mecanismo de Monitoramento da ONU deixaria de funcionar, o que poria fim à verificação da ONU sobre a natureza humanitária das cargas na fronteira.
Os representantes da ONU reforçam que sua posição permanece consistente e clara: os serviços de assistência e proteção humanitária devem sempre poder chegar a quem precisa através da rota mais segura, direta e eficiente.
Em 2022, ONU e parceiros entregaram ajuda pela fronteira turca com a Síria, atingindo uma média de 2,7 milhões de pessoas mensalmente. Este trabalho incluiu a recuperação precoce e o apoio aos meios de subsistência para fortalecer a resiliência das comunidades em toda a Síria.
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Segundo as agências, também foi possível reforçar a assistência na Síria a partir de áreas controladas pelo governo nas linhas de frente no noroeste do país, fornecendo alimentos, saúde, educação e outros suprimentos para milhares de pessoas necessitadas.
Continuação e expansão da ajuda humanitária
A ONU afirma que está determinada a manter e expandir as entregas e pede a todas as partes que o acesso humanitário seja desimpedido e previsível ao noroeste da Síria a partir de áreas controladas pelo governo.
O comunicado aponta que embora essas entregas cruzadas sejam eficazes, elas não podem corresponder à escala e ao escopo das operações transfronteiriças, que continuam sendo indispensáveis.
Ao contrário das resoluções anteriores que prorrogavam as operações transfronteiriças por 12 meses, a última ação do Conselho concedia apenas uma autorização de seis meses.
A situação levou a desafios logísticos e operacionais adicionais, aumentou os custos operacionais e restringiu a capacidade dos parceiros humanitários de ajudar os necessitados.
O comunicado reforça que os milhões de pessoas que dependem da ajuda transfronteiriça para sobreviver precisam que esta resolução seja renovada sem demora.
Publicado originalmente em ONU News