Göreme, Capadócia, Turquia 4 de janeiro de 2022
Chegamos na região da Capadócia. Antes de falar sobre uma das paisagens mais lindas do mundo, São Jorge, cavernas, balões e cavalos, abrimos um pequeno trecho para propaganda gratuita.
Viagens de ônibus sempre fizeram parte das nossas aventuras, inclusive a rota mais longa do mundo (São Paulo – Cusco) já fizemos. Penso que temos um pouco de “bagagem” para falar do assunto. A empresa turca Metro – a qual não fez nenhum patrocínio a este diário – dispensa elogios, uma das mais queridas por viajantes internacionais. Em geral, escolhemos a empresa mais barata para viajar – a coluna que lute – mas, neste caso, a Metro Bus estava com preços alinhados às outras e, como li muitos relatos positivos, resolvi pagar para ver.
Absolutamente esta foi a viagem mais impressionante de todas. Tem wi-fi funcional, lanchinho, entretenimento de bordo, aquecedor – no árduo inverno do Hemisfério Norte –, chá, café e (juro por Deus) um “onibumoço” para servir aos passageiros. “Garçom?”, diriam. Nem sei que nome dar ao gentil cavalheiro que nos serviu a todo momento.
Brincadeiras à parte, a empresa Metro é sem dúvida a mais completa que já pegamos, e acredite se quiser, o trajeto é de 12 horas! Viajamos umas três horas e estou metendo mesmo os burros na frente: ainda que, daqui uns minutos nos mandem descer e continuar a pé, já valeria o valor pago. E porque para nós é tão importante falar sobre essa viagem, vamos dizer que pagamos muito pouco por uma distância muito longa e por um serviço muito bom. Isso nos faz pensar como as companhias de transporte no Brasil tratam seus próprios clientes. Será que estamos realmente recebendo o serviço que merecemos pela quantia que pagamos? Fica a dica, Renan Filho (novo Ministro dos Transportes do governo Lula).
Outra coisa a ressaltar no atendimento da empresa é algo que se completa em todos os cidadãos turcos que cruzamos pelo caminho. Todos, sem exceção, foram receptivos, prestativos e muito educados. Geralmente, no Brasil, costumamos usar o termo “turco” de modo pejorativo quando queremos falar de alguém que visa dinheiro – trata-se de um preconceito evidente de nossa sociedade. Os turcos, além de tudo que mencionei, são muito amáveis e sorridentes. Precisamos rever nossos próprios conceitos ao empregar tais pré-conceitos maldosos.
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Temos muito a falar sobre a Capadócia e principalmente sobre a Turquia, mas são tantas coisas que fica impossível explicar em uma única postagem, então resolvemos falar um pouco sobre nosso dia e o que aprendemos hoje.
Chegamos no Henna Hotel um pouco antes do previsto, nosso recepcionista foi muito atencioso, mas não pudemos fazer o check-in, pois havia pessoas ainda hospedadas no quarto que nos estava reservado. Escolhemos o Henna Hotel pela localização: de maneira alguma eu toparia um voo de balão; porém, do terraço deste hotel, podemos ter uma das melhores vistas dos famosos balões da Capadócia – e bem de perto! Em Göreme, existe uma infinidade de hotéis para todos os gostos. No fim, optamos por um hotel-caverna, típico da região.
A paisagem de Göreme, moldada pelos ventos e pela chuva, possui predominantemente calcário em suas formações geológicas, o que possibilitou que fossem esculpidas pelo homem. Os primeiros cristãos, perseguidos pelo Império Romano (pagão), encontraram nessas rochas um habitat para escavar suas casas, igrejas e até cidades inteiras; por isso, até hoje, essas cavernas são usadas como residências, hotéis e restaurantes. No entanto, com o crescimento da exploração moderna em favor do turismo, as escavações foram proibidas pelo governo, e mesmo quem já adquiriu uma propriedade-caverna não pode mais expandir.
Saímos do hotel-caverna para caminhar um pouco e tomar café. Pelo menos no presente período de baixa temporada, Göreme permanece tranquila, com poucos turistas, o que nos agrada muito. Os preços estão ótimos, apesar de nosso real ter se desvalorizado bastante nos últimos quatro anos.
Assim que o Henna liberou nosso quarto, subimos para carregar as baterias e um pouco de nossa própria energia, afinal, passar 12 horas dentro de um ônibus pode ser muito cansativo. Baterias, corpo e mente carregados, é hora de sair para um rolê. Como o horário não ajuda muito, decidimos caminhar até o mirante Sunset Point e assistir o pôr do sol. Caminhamos entre casas, hotéis e comércios esculpidos nas rochas: de perto, ainda mais impressionantes. A subida não foi longa, porém, a cada nova curva, parávamos para fotografar.
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Passeamos por entre as chaminés de fadas e aproveitamos o pôr do sol enquanto observávamos a vida de Göreme. O frio estava intenso, aproximadamente 5° C no sol; compramos um chá para esquentar ao menos nossas mãos. Para mim, foi o ponto alto do dia: no meio de um delicioso chá, observando uma das paisagens mais belas que nossos olhos já viram. Para completar, a Mesquita de Göreme iniciou seu chamado para oração, ecoando por todas aquelas rochas.
Eu disse em um texto no passado e agora repito: se existe algo que abala as estruturas do meu ateísmo, com certeza é o chamado para a oração islâmica. Não sei como e nem de que maneira, mas ouvir a oração muçulmana faz com que me sinta em paz; e quanto mais estudo sobre essa religião e as culturas que dela deriva, tenho cada vez mais admiração.
Este foi mais um longo relato do Mochilão MEMO, com Lucas Siqueira e Diana Emidio, Agora é dormir e descansar porque amanhã o dia começa bem cedo. Abraço a todos, camaradas!
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Nota: Todos os textos do Mochilão MEMO são produzidos em trânsito; por gentileza, peço que compreenda que pode haver falhas ou erros que serão corrigidos ao longo da viagem. Obrigado a todos pela compreensão.