O Ministério da Saúde de Gaza reafirmou nesta quinta-feira (5) denúncias de que Israel protela ou impede a entrada de máquinas de raio-X necessárias para diversos tratamentos médicos no território palestino sob cerco militar.
As informações são da agência de notícias Reuters.
O ministério – administrado pelo movimento Hamas – destacou que solicitações dos últimos 14 meses, para aquisição de oito tipos de aparelhos de raio-X e peças sobressalentes para reparo e manutenção, foram indeferidas ou procrastinadas.
Israel e Egito mantém um bloqueio sobre Gaza, como retaliação ao Hamas e punição coletiva à população carente da faixa costeira, sob pretexto de preocupações de segurança, de que entes militantes possam usar máquinas de uso médico a objetivos militares.
Medhat Abbas, diretor do Ministério da Saúde, observou que os aparelhos são fruto de doações internacionais, endereçados aos hospitais de Gaza.
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“Reter a entrada causa atraso nos cuidados a milhares de pacientes”, advertiu Abbas à Reuters.
Em resposta às denúncias, a Coordenadoria de Atividades do Governo nos Territórios (COGAT), órgão israelense de jurisdição militar, acusou o Hamas e outros grupos de resistência de “tomar vantagem de maneira sistêmica e cínica de remessas humanitárias para fins terroristas”.
Segundo a COGAT, os pedidos são examinados caso a caso.
Abbas desmentiu as acusações israelenses.
Na Cidade de Gaza, a cidadã palestina Nalat Zeino (51) recordou aguardar 45 dias para fazer um simples raio-X de seus rins no Hospital de Shifa. Os médicos justificaram a demora pela carência de equipamentos funcionais e, portanto, pela retenção imposta por Israel.
“Como se a dor que sinto não bastasse, a espera é outra forma de tortura”, lamentou a mãe de quatro filhos à agência Reuters.
O Hamas passou a governar a Faixa de Gaza em 2006, um ano após Israel remover seus colonos
e soldados do território costeiro. O Hamas venceu as eleições palestinas daquele ano; contudo, foi criminalizado pela ocupação israelense e aliados ocidentais, em favor do partido Fatah, que comanda a Autoridade Palestina (AP).
O cerco subsequente restringe o volume de bens que atravessa a fronteira e deteriora de modo severo a economia local, além de serviços públicos, como saúde e educação. Gaza sofre de uma falta crônica de leitos e equipamentos médicos.
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