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Surto de cólera no Líbano: mães se engajam na luta contra a doença em Arsal

As mães estão desempenhando um papel fundamental na prevenção da propagação da doença, à medida que o cólera se aproxima de seus filhos. [Carmen Yahchouchi/MSF]

O Líbano enfrenta seu primeiro surto de cólera em 30 anos, e bebês e crianças são desproporcionalmente atingidos pela doença. Desde a declaração do surto no início de outubro de 2022, quase 60% dos casos suspeitos e confirmados são entre pessoas com menos de 15 anos de idade, de acordo com dados do Ministério da Saúde Pública, com crianças de zero a quatro anos representando um quarto de todos os casos de cólera do país.

No norte e nordeste do Líbano, onde a maioria das ocorrências confirmadas são detectadas, 50% dos casos suspeitos identificados em clínicas de Médicos Sem Fronteiras (MSF) são entre pacientes menores de 15 anos de idade.

As mães estão desempenhando um papel fundamental na prevenção da propagação da doença, à medida que o cólera se aproxima de seus filhos, com destaque para a região de Arsal.

Em uma cidade empobrecida e superlotada no nordeste do Líbano, assentamentos informais ficam ao lado de casas residenciais. As águas residuais e a água potável são uma preocupação na área, e as condições criaram um local ideal para a doença se estabelecer após a declaração do surto de cólera no país.

“É importante informar e difundir a conscientização sobre o cólera. É nosso papel, de todos nós, proteger a nós mesmos e as pessoas que amamos. Não há nada do que se envergonhar. Falar sobre isso [surto de cólera] significa limitar sua disseminação”, diz Fátima, mãe de quatro filhos que fugiu da guerra na Síria há dez anos.

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Há algumas semanas, Fátima – que vive com sua família em um acampamento em Arsal – estava preocupada com o fato de o cólera estar se tornando um risco maior para seus filhos e vizinhos quando algumas crianças próximas sofreram diarreia grave, levando-a a agir.

Fátima chamou as equipes de MSF. “Tendo participado das sessões de conscientização realizadas por MSF uma semana antes, entrei em contato com eles na esperança de que viessem aqui para vacinar as crianças no acampamento. Falei para eles pedirem a outros atores que estão trabalhando na descontaminação para desinfetar o acampamento”, ela explica.

Mantendo medidas de prevenção, Fátima constantemente lembra seus filhos de tomar precauções. “Antes de irem à escola, digo a eles para lavar as mãos regularmente. Também estou tentando, tanto quanto possível, limitar suas brincadeiras ao ar livre, já que o esgoto aqui se espalha por todo o acampamento. Eles são crianças, as crianças brincam, você nunca sabe o que elas vão tocar”, acrescenta.

Zainab também se viu em confronto direto com o cólera quando uma de suas filhas teve diarreia grave por 10 dias.

“Ela estava exausta. Fiquei dez dias ao seu lado regularmente fazendo com que tomasse água e sopa”, diz Zainab, que também luta para ter acesso à água potável.

Desde o início do surto, ela estava preocupada que a doença afetasse um de seus filhos. “Não temos uma rede de água funcionando aqui. Eu recebo minha água dos fornecedores de caminhões-pipa. Sabendo que o cólera se espalha na água contaminada, fiquei com medo de ficarmos doentes”, explica Zainab.

Os moradores de Arsal dependem de caminhões-pipa particulares e poços perfurados para obter água potável. Muitas vezes, esses poços estão situados perto daqueles usados para o descarte de esgoto.

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Samaa é outro exemplo de como os comportamentos de busca de saúde das mães estão impactando positivamente o processo de tratamento de crianças com cólera. Ela levou seu filho, de dois anos de idade, para a unidade de tratamento de cólera de MSF depois que ele começou a vomitar e ter diarreia.

“Através das equipes de vacinação de MSF, eu sabia onde alcançá-los quando os sintomas começassem, e eles me direcionaram para cá. Graças a Deus, o vômito parou, mas seu corpo ainda está fraco”, diz Samaa.

“Eu não queria que fosse tarde demais para a recuperação. No momento em que ele teve os sintomas, eu achei melhor vir, e eles [equipe médica] decidem se ele precisa de hospitalização ou não. Eu só não queria esperar até que fosse tarde demais”, diz Samaa.

Através da prevenção e da procura proativa de cuidados oportunos, as mães em Arsal estão exercendo uma importante ajuda no enfrentamento do surto de cólera.

Publicado originalmente em Médicos Sem Fronteiras

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