O Sindicato Nacional dos Jornalistas da Tunísia (SNJT) pediu à televisão estatal que mantenha a neutralidade durante a campanha ao segundo turno das eleições legislativas, marcadas para 29 de janeiro, segundo informações da agência de notícias Anadolu.
“A Instância Superior Independente para as Eleições [ISIE] busca controlar a televisão estatal e direcionar a cobertura de imprensa sobre o processo eleitoral por meio de interferência direta no conteúdo”, afirmou o sindicato. “Subjugar a televisão pública aos ditames da agência é uma violação flagrante da liberdade de imprensa”.
Mohamed Tlili Mnasri, porta-voz da agência, confirmou no domingo (15): “Combinamos com a televisão estatal a realização de debates diretos entre os candidatos; vários detalhes estão em discussão, entre a gestão executiva de nossa entidade e a emissora estatal”.
O sindicato destacou: “A ISIE busca, por meio de sua parceria com o establishment da televisão pública tunisiana, conduzir debates entre os candidatos, desde que as perguntas e pautas sejam submetidas a sua supervisão”.
A autoridade eleitoral não comentou as acusações.
LEIA: Tunísia se torna pouco a pouco uma ‘prisão de ideias’, alertam jornalistas
A eleição conta com 262 candidatos que disputam 131 vagas no parlamento. O primeiro turno foi realizado em 17 de dezembro, e resultou na eleição de 23 novos deputados, dentre os quais, três mulheres. Há 154 assentos no congresso, no total.
A eleição legislativa antecipada é a última das “medidas excepcionais” impostas pelo presidente Kais Saied, desde 25 de julho de 2021. Saied dissolveu o Supremo Conselho de Justiça e o então parlamento, passou a governar por decreto e aprovou uma nova constituição via referendo.
Partidos de oposição boicotam o pleito. Críticos e analistas apontam golpe de estado.