Extremista dinamarquês queima Alcorão na Suécia, Turquia condena leniência

Neste sábado (21), o conhecido radical sueco-dinamarquês Rasmus Paludan, líder do partido de extrema-direita Stram Kurs (Linha Dura), radicado em Copenhagen, ateou fogo a uma cópia do Alcorão sagrado na cidade de Estocolmo, capital da Suécia.

O episódio calha com negociações entre Finlândia e Suécia, por um lado, e Turquia, por outro, para que os estados nórdicos integrem a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). É preciso ratificação de Ancara, como estado-membro com poder de veto.

Finlândia e Suécia formalizaram seu pedido de filiação à coalizão armada em maio de 2022, ao abandonar décadas de não-alinhamento, sob apreensão causada pela invasão russa na Ucrânia, em 24 de fevereiro do mesmo ano.

No sábado, o ministro de Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, criticou o governo da Suécia por permitir a queima do livro islâmico, ao reafirmar que racismo e crime de ódio não equivalem a liberdade de expressão.

Explicou Cavusoglu: “Segundo a lei sueca, decisões do Conselho da Europa e da Corte Europeia de Direitos Humanos, crimes como este não equivalem a liberdade de pensamento”.

Seu homólogo sueco, Tobias Billstrom, admitiu receios de que as ações de Paludan arriscassem maior demora na ratificação turca para a entrada dos países escandinavos à OTAN, mas insistiu que seria “bastante inapropriado” impedir uma manifestação pública.

Em resposta, o governo do presidente turco Recep Tayyip Erdogan cancelou a visita do ministro da Defesa da Suécia a Ancara, nesta semana.

Na sexta-feira (20), a chancelaria turca convocou o emissário sueco no país, Staffan Herrstrom, para “condenar veementemente o ato de provocação e flagrante crime de ódio, de modo que a atitude sueca é inaceitável … como insulto a valores sagrados que não pode ser salvaguardado sob o pretexto de direitos democráticos”.

Além disso, a Turquia voltou a exigir da Suécia medidas contra organizações “terroristas”, após um ato na capital no qual manifestantes curdos exibiram uma efígie de Erdogan.

A Turquia alertou o estado sueco de que permitir atos supostamente vinculados ao Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) – considerado “terrorista” por Ancara – seria “violação clara” do acordo tripartite para que Suécia e Finlândia sejam integradas à aliança armada.

Apesar das objeções turcas, os três países firmaram em junho passado um memorando durante uma cúpula da OTAN para tratar da matéria e abrir caminho à expansão do bloco militar.

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