O 12º aniversário da revolução no Egito de 25 de janeiro de 2011 se aproxima e a popularidade do chefe do golpe militar de dois anos depois, Abdel Fattah el-Sisi, nunca esteve tão ameaçada, em meio à uma das piores crises econômicas da história do país.
O presidente e general perde apoio nas ruas a olho nu devido ao colapso da moeda e carestia.
A revolução popular que destituiu a ditadura de Hosni Mubarak foi golpeada pelo establishment militar, resultando no golpe contra o primeiro presidente democraticamente eleito, Mohamed Morsi, em meados de 2013. Desde então, a economia egípcia desabou e o regime empossado no ano seguinte passou a recorrer a empréstimos cada vez maiores.
Após quase nove anos do governo linha-dura de Sisi, sob inúmeras promessas de prosperidade, a miséria bate à porta da maior parte da população. Condições de vida no maior país do mundo árabe, com 104 milhões de habitantes, continuam a se deteriorar.
Em 2022, a invasão militar da Rússia sobre a Ucrânia levou o estado norte-africano a uma nova guinada descendente, devido à crise no abastecimento de alimentos e subsequente inflação. A economia egípcia evidenciou suas dívidas, corrupção e má-gestão e passou a implorar por ajuda do Fundo Monetário Internacional (FMI).
O governo de Sisi chegou a pôr à venda recursos e propriedades do estado para tentar mitigar a desvalorização da libra.
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Milhões de egípcios queixam-se da crise, incluindo apoiadores resolutos de Sisi até então.
Taxas de inflação oficial chegaram a 20% no Egito, reportou o notório economista Steve Hanke, da Universidade Johns Hopkins University. A inflação real, entretanto, segundo a pesquisa, deve chegar a 101% dos preços.
O colapso da popularidade remanescente de Sisi coincide com o colapso da libra egípcia, cujas repercussões foram alertadas até mesmo pela imprensa israelense. O jornal em hebraico Israel Hayom observou que a crise chegou ao ponto de haver um anseio popular pela queda de Sisi.
Em artigo do escritor israelense Dana Ben-Shimon, à véspera do aniversário da insurreição que derrubou Mubarak, o jornal citou fontes em campo e na diáspora que denunciam a miséria e a decadência no território ao sul.
Uma das fontes – o egípcio Mohammad, até poucos anos atrás, candidato a doutorado no Cairo – confirmou: “A vida no Egito é insuportável; por isso, decidi emigrar a outro país árabe”.
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