O primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu fez uma visita surpresa à Jordânia na terça-feira (24), para encontrar-se com o rei Abdullah e manifestar seu respeito ao status quo político e legal da Mesquita de Al-Aqsa, em Jerusalém ocupada, segundo nota da Corte hachemita.
As informações são da agência de notícias Reuters.
No início de janeiro, Itamar Ben-Gvir, ministro de Segurança Nacional e deputado israelense de extrema-direita, voltou a invadir Al-Aqsa – complexo islâmico que judeus sionistas reverenciam como “Templo do Monte”, a fim de apagar a identidade árabe e cristã da cidade ocupada.
Ben-Gvir contou com escolta policial armada. Sua visita, naturalmente, indignou palestinos e foi recebida com notas de repúdio de estados árabes e da comunidade internacional.
Na última semana, policiais sionistas impediram Ghassam Majali, emissário da Jordânia a Israel, de entrar em Al-Aqsa, o que levou a novas tensões diplomáticas entre os países vizinhos.
O novo governo de Netanyahu tomou posse em 29 de dezembro, sob uma coalizão de extrema-direita após as eleições gerais de novembro – a quinta em menos de quatro anos. A Jordânia se tornou assim a primeira viagem ao exterior do novo premiê.
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Abdullah reiterou a Netanyahu que o país vizinho tem de respeitar o “status histórico e legal do santuário de Al-Aqsa e não deve violá-lo”. O monarca – cujas relações com o mandato anterior de Netanyahu foram marcadas por tensões – pediu fim da violência para restaurar as conversas de paz, há anos paralisadas, entre palestinos e israelenses.
“A fim de abrir caminho a um horizonte político para o processo de paz, temos de encerrar toda medida que prejudique seus prospectos”, afirmou a monarquia. “O rei reiterou o apoio resoluto da Jordânia à solução de dois estados, que assegura o estabelecimento de um Estado palestino nas fronteiras de 1967, com Jerusalém Oriental como sua capital”.
Conforme Netanyahu, ambos discutiram questões regionais, sobretudo cooperação estratégica, militar e econômica entre os países.
Jerusalém ocupada é um ponto particularmente sensível à dinastia hachemita da Jordânia, que detém custódia dos santuários cristãos e islâmicos da cidade.
O retorno de Netanyahu ao poder alimentou maior apreensão sobre políticas coloniais, entre as quais, expansão dos assentamentos na Cisjordânia e novos ataques. Amã teme provocações de grupos extremistas judaicos que conduzem ritos em Al-Aqsa.
A Jordânia é parceira dos Estados Unidos e abriga muitos refugiados palestinos. O reino guarda esperanças de que o presidente americano Joe Biden pressione Tel Aviv a preservar o status de Al-Aqsa, cuja manutenção é paga pelos cofres hachemitas.
Relatos indicam que Abdullah visitará Washington no fim de janeiro para reunir-se com Biden e outros políticos de alto escalão. A pauta deve incluir Jerusalém ocupada e o processo de paz no Oriente Médio.
O secretário de Estado dos Estados Unidos Antony Blinken falou com Ayman Safadi, ministro de Relações Exteriores da Jordânia, pouco após a invasão de Ben-Gvir a Al-Aqsa. Blinken reforçou a importância de preservar o status quo do local, segundo nota do Departamento de Estado.
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