Um grupo de especialistas em direitos humanos das Nações Unidas* condenou a morte de pelo menos nove pessoas num acampamento de refugiados em Jenin, na Cisjordânia.
Eles pediram à comunidade internacional que reaja, sem demoras, para parar a violência no local e exigir prestação de contas.
Mulher idosa e duas crianças
O ataque de Israel contra o campo de refugiados ocorreu na quinta-feira (26). Várias pessoas ficaram feridas, no que o grupo de relatores classifica de “trajetória de violência” que dá seguimento à tendência alarmante de aumento de ataques vista em 2022.
Para os especialistas, não haveria violência se Israel acabasse imediatamente com o que chamaram de uma “ocupação ilegal que já dura meio século” como exige a lei internacional.
Na manhã desta quinta-feira (26), forças de Israel atacaram o campo, localizado no norte da Cisjordânia. Dentre as nove vítimas fatais estão uma mulher idosa e duas crianças. Mais de 20 pessoas ficaram feridas e quatro estão em estado crítico. A causa do ataque e o número exato de mortos e feridos seguem sendo apurados pelas autoridades.
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Os especialistas da ONU disseram que este é o número mais alto de mortos numa única ofensiva à Cisjordânia desde 2005.
E desde o início deste ano, pelo menos 28 palestinos foram mortos por forças israelenses e dois mais por colonos que vivem na Cisjordânia. No momento, a média é de um palestino morto por dia.
Foguetes lançados contra Israel de madrugada
Segundo agências de notícias, a tensão continuou nesta sexta-feira (27) após seis foguetes terem sido lançados contra Israel, no início da madrugada, em retaliação a morte dos nove palestinos um dia antes. Os foguetes foram interceptados por Israel, que afirma que os explosivos partiram de militantes do grupo islâmico Hamas, que controla a Faixa de Gaza.
Os relatores disseram que a comunidade internacional não pode e não deve tolerar o que parece ser uma “prática deliberada de Israel” para se utilizar do uso letal da força.
Segunda Intifada
O ano passado, segundo o grupo, foi o mais fatal para a Cisjordânia com um total de 152 mortes de palestinos pelas forças de Israel.
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O acampamento de Jenin tem cerca de 14 mil residentes e é considerado por Israel um foco de resistência. Durante a segunda intifada, que começou em 2000, as forças de Israel mataram pelo menos 52 palestinos no local.
Para os relatores, como “poder ocupante”, Israel tem a obrigação de assegurar a proteção do local.
Mas autoridades de Israel diz que o local “extremistas e terroristas”, que ameaçam a segurança do país.
*Os relatores de direitos humanos são independentes da ONU e não recebem salário pelo seu trabalho.
Publicado originalmente em ONU News