A violência israelense contra os palestinos aumentou em 2022, confirmou o Monitor de Direitos Humanos Euromediterrâneo em relatório divulgado nesta segunda-feira (30). A ong destacou a necessidade de justiça e fim da impunidade de décadas usufruída por Israel.
Em seu documento intitulado Pulling the trigger is the first resort (Apertar o gatilho, o primeiro recurso), o fórum Euromediterrâneo revelou que o número registrado de palestinos mortos por forças ocupantes na Cisjordânia cresceu 82% entre 2021 e 2022. O aumento em relação a 2020 chega a aterradores 491% dos assassinatos.
A maioria das fatalidades palestinas são civis, executados por forças israelenses durante “ações injustificadas e contextos nos quais não apresentam qualquer ameaça ou perigo iminente à vida de soldados ou colonos”, destacou Ramy Abdu, presidente da ong.
“Assassinatos e execuções sumárias conduzidos pelo exército israelense contra civis palestinos, como visto em regulações frouxas de abrir fogo e sistema de proteção aos perpetradores dessas violações hediondas, mostram-se sancionados pelo estado e não ações individuais”, reiterou.
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Não importa o espectro político do governo israelense – centro, direita ou esquerda –, advertiu Abdu, o uso da força letal contra os palestinos é parte integral de sua abordagem.
“Temos receios de que este ano vivencie outro aumento na violência, com políticos extremistas no poder que promovem políticas para matar palestinos e expulsá-los de suas terras”.
O relatório concede detalhes sobre 2022: ao menos 204 palestinos foram mortos por soldados israelenses, 142 na Cisjordânia (69.6%), 37 de Gaza (18.1%) e 20 de Jerusalém (9.8%). Em Israel – território ocupado em 1948, via limpeza étnica – cinco palestinos foram mortos.
Segundo o relatório, as crianças foram cerca de 20% das vítimas: ao menos 41 menores mortos, além de oito mulheres.
Conforme a análise, o apoio absoluto deferido ao exército pela elite política de Israel é a maior razão para o aumento nas violações e mortes injustificadas de civis palestinos.
“A conduta das forças israelenses sobre civis palestinos revela claro desdém do estado por suas obrigações internacionais sob a Quarta Convenção de Genebra, que exige de partes em conflito que protejam civis, ao invés de ameaçá-los, além de franco desprezo ao Estatuto de Roma, que instituiu o Tribunal Penal Internacional (TPI), conforme o qual Israel conduz crimes de guerra”, explicou o relatório.
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O fórum Euromediterrâneo pediu à União Europeia que reveja sua parceria com Tel Aviv, diante das violações contra a população palestina. Além disso, pediu aos membros da Organização das Nações Unidas (ONU) e outras instituições internacionais que ajam em defesa das comunidades civis nos territórios ocupados, ao investigar e julgar os crimes cometidos.
O TPI deve conduzir suas investigações sobre as violações israelenses sem demora, enfatizou o grupo, ao tratar da conjuntura palestina de maneira análoga a outras regiões do mundo.