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Que laços são esses entre Brasil e Palestina? Um curso na USP busca as fontes de identificação

Bandeiras do Brasil e Palestina [Reprodução/Onze de Maio]

São dois países distantes. Um deles marcado pelas migrações de vários povos e desigualdades econômicas e sociais. O outro luta para preservar sua identidade e direito aos territórios originais cada vez mais ocupados e descaracterizados por um Estado ocupante.  Com diferentes histórias, composições sociais e religiosas e as condições atuais distintas para cada um, mesmo assim o sentimento de identificação frequentemente brota do encontro entre Brasil e Palestina.

É sobre as questões envolvidas neste sentimento que o curso de extensão online Brasil e Palestina – Fontes de Identificação é dedicado. Gratuito e aberto à comunidade em geral, o curso  buscará elucidar e refletir sobre as possíveis fontes dessa percepção de uma  proximidade recorrendo a  textos, romances, histórias e a vida retratada neles, vivências ou questões sociais com traços comuns aos dois povos.

O curso é coordenado pela professora Arlene Clemesha, do Departamento de Letras Orientais (FFLCH) da Universidade de São Paulo e diretora do Centro de Estudos Árabes da USP, e organizado em conjunto com os professores João Baptista Vargens e Rafael Gustavo Oliveira.

O programa deixa claro o cuidado metodológico em aproximar  participantes de melhor compreensão  da realidade palestina, menos conhecida dos estudantes do Brasil, para propiciar nas aulas seguintes a abordagem de aspectos de conexão, por exemplo, na relação de movimentos agrícolas e urbanos com a terra e a luta por  moradia.

O curso, conforme é apresentado, deve  analisar os principais aspectos da história e do estado atual da Palestina – incluída a permanência de pequenos produtores rurais na terra, as migrações urbanas, a dinâmica do deslocamento forçado diante da limpeza étnica e a especulação imobiliária e, a seguir, refletir sobre as relações entre a Palestina e o Brasil.

Essa análise também ajudará a desconstruir equívocos sobre os movimentos da sociedade civil palestina e brasileira e a promover a troca e a reconstrução colaborativa de conhecimento.

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Nas primeiras cinco aulas, a Palestina é discutida com aulas dos professores  Sa’d Nimr, da Birzeit University, abordando a história palestina e  a nakba em curso; Yusuf Natsheh, do Centro de Estudos de Jerusalém, Universidade Al Quds,em aula sobre a cidade de Jerusalém: história e religiões impressas em seu tecido arquitetônico diversificado; Adnan Abdelrazek, escritor sobre refugiados palestinos e o contexto palestino na diáspora; Tahani Mustafa, analista da Cisjordânia no International Crisis Group, discutindo os partidos políticos, movimentos juvenis e a questão da sucessão na Palestina; e Samer Abdelnour, da Universidade de Edimburgo, em aula sobre o estado de apartheid e a infraestrutura da violência.

Na sexta aula, a professora  Muna Odeh, da Universidade de Brasília, aborda a diáspora palestina e a presença da cultura árabe no Brasil. A partir daí, alguns “diálogos” entre situações e perspectivas são apresentados em mais cinco aulas.

As Traduções Sul-Sul, em aula do professor  Wail Hassan, Prof. de Literatura Comparada, Universidade de Illinois, serão tema discutido em diálogo com o autor de The Enigma of Qaf, Alberto Mussa. Na aula seguinte, as comunidades beduínas da Cisjordânia hoje, serão abordadas pelo professor  Ahmad Amara, Universidade Al Quds,  em diálogo com as comunidades indígenas Guarani Mbyá frente à expropriação de terras e outros conflitos, pela Adriana Testa da USP.

O  professor Izzat Zeidan, diretor de Programas e Projetos da, Associação Palestina de Desenvolvimento Agrícola PARC  (aguardando confirmação) deve  abordar os movimentos agrícolas palestinos: sumud e criatividade, em diálogo com as soluções postas em prática pelo movimento sem-terra MST para promover a sustentabilidade e a permanência de camponeses e comunidades tradicionais (do Brasil) em suas terras, tratados pela dra. Kelli Mafort, do MST.   A luta por moradia no Brasil e o caso da Vila Nova Palestina em São Paulo, trazidos pela Coordenadora do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto, MTST, Nanci Pittelkow, serão tratados em diálogo com a limpeza étnica e a gentrificação na Palestina hoje, pelo professor  Munir Nuseibah, da Al Quds University.  E finalmente nessas abordagens casadas, a 11ª aula colocará em diálogo a Palestina como literatura nos escritos de Elias Khoury, pela professora Safa Jubran, da USP, e a questão a ser abordada pela  romancista e diretora do Centro Internacional de Justiça para os Palestinos, Selma Dabbagh: há uma narrativa palestina atual?

A última aula trará  a provocação, pelo menos para parte dos estudantes,  do professor Bashir Bashir, do Instituto Van Leer Jerusalém  que debaterá um novo paradigma para o futuro da Palestina e a superação da ideia usual de que o horizonte para a Palestina seria a solução de dois Estados. “Como seria um estado único? – é a questão a ser desenvolvida em sua aula.

As inscrições estarão disponíveis online de 2 até 8 de março de 2023. Serão emitidos certificados de participação pela Faculdade de Letras da Universidade de São Paulo para os alunos matriculados que assistirem a pelo menos 75% das aulas, e não haverá prova.

Para saber mais sobre cada aula, confira no link https://linktr.ee/brazilandpalestine

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