Síria abre pontos de passagem para ampliar ajuda de emergência após terremoto

O presidente da Síria, Bashar al-Assad, concordou em abrir os pontos de passagem fronteiriços de Bab al-Salam e Al Ra’ee para acesso de maior volume de ajuda de emergência às vítimas do terremoto que afetou a Turquia e a Síria.

O anúncio foi feito pelo secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, em nota, destacando que os pontos serão operacionais “por um período inicial de três meses para permitir a entrega oportuna de ajuda humanitária”.

Rapidez

A meta é facilitar acesso humanitário, acelerar a aprovação de vistos para o pessoal humanitário e promover viagens entre os centros de acolhimento de forma mais rápida.

Para Guterres, à medida que as vítimas aumentam “é extremamente urgente” fornecer alimentos, nutrição, proteção, abrigo, suprimentos de inverno e outro tipo de auxílios vital para os milhões afetados.

A vice-alta comissária de Direitos Humanos da ONU, Kelly Clements, está na cidade síria de Alepo. Ela pediu apoio contínuo aos milhões de afetados nos dois países.

Clements disse que aquele era um dos cerca dos 200 locais instalados para dormir, receber refeições, agasalhos e colchões. Ela contou que várias agências continuam seu esforço para aumentar ajuda e a ação humanitária contra o relógio para providenciar a assistência possível.

Aumento de mortos

Já as autoridades turcas dizem ter sido resgatadas pelo menos 80.088 pessoas e evacuado outras 102.388 vítimas das suas regiões para outras províncias.

Segundo a Organização Mundial da Saúde, OMS, foram confirmados mais de 31 mil mortos na Turquia e 5 mil no noroeste da Síria. Os números devem subir.

A OMS elogiou o trabalho da defesa civil. A jovem Miray, em Adiyaman, saiu com vida dos escombros após passar 178 horas presa.

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O trabalho de mobilização de recursos segue. Nesta terça-feira, o Programa Mundial de Alimentos, PMA, pediu US$ 77 milhões para fornecer assistência urgente a quase 900 mil afetados nos dois países.

Saúde mental das crianças

O Fundo da ONU para a Infância, Unicef, calcula que 4,6 milhões de crianças vivem nas 10 províncias turcas atingidas. Mais de 2,5 milhões de crianças foram afetadas na Síria.

A diretora executiva do Unicef, Catherine Russell, quer que se faça todo o possível para garantir apoio essencial a todos os sobreviventes, incluindo água potável, saneamento, nutrição, suprimentos e apoio para a saúde mental das crianças, tanto agora como em longo prazo.

A ONU Mulheres destacou que, além da necessidade urgente de roupas de inverno, a ajuda em itens essenciais deve cobrir as necessidades de higiene de mulheres, meninas e suas famílias.

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A relatora especial* sobre o direito à saúde, Tlaleng Mofokeng, pediu o desembaraço da passagem de auxílio para áreas sírias afetadas. Ela citou a combinação de confrontos, crise alimentar, infraestrutura danificada, pobreza, pandemia e o surto de cólera, em meio a frágeis sistemas sociais e de saúde.

Sistema de saúde em ruptura

Mofokeng citou que 6,1 milhões de pessoas foram atingidas pelo terremoto. O desastre não poupou o sistema de saúde em estado de ruptura com várias infraestruturas médicas danificadas ou inutilizadas.

Em resposta ao tremor, a iniciativa global Education Cannot Wait anunciou a doação de US$ 7 milhões para o acesso vitalício à educação de crianças sírias afetadas.

O projeto apoiado pela ONU pediu aos líderes participantes na Conferência de Financiamento de Alto Nível, que acontece nesta semana em Genebra, ajudem a ampliar o impacto da doação e acelerem a resposta global ao setor.

*Os relatores de direitos humanos são independentes das Nações Unidas e não recebem salário pelo seu trabalho.

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Publicado originalmente em ONU News

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