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Atacado, médico Charles Mady defende o direito de questionar versões históricas do sionismo

A expulsão do povo palestino para criação do Estado de Israel (reprodução)

Um artigo do médico Charles Mady,  publicado no Jornal da USP no último 23 de janeiro, sob o título Palestinos. A Solução final.   tem sido motivo de polêmica. Nele, o autor considera que  “Herzl e Jabotinsky levaram adiante ideias baseadas em textos do Deuteronômio, preconizando a destruição de um povo em detrimento de outro superior, tal e qual o grupo nazista, e isso muito antes do Holocausto.”  O médico contesta assim versões mais altruístas do sionismo e provoca um  debate “proibido”. Em lugar de argumentos, ele afirma ter recebido insultos.

Tocando no paradoxo da convivência entre cultura e estupidez ao mesmo tempo, ele diz em seu artigo  ser impressionante que “ um povo com uma formação humanística tão elevada pudesse se render à barbárie, que se mantém até hoje, deturpando fatos e criando novos mitos”. Por essas afirmações, colocou sionistas em pé de guerra.

Sentindo-se alvo de ataques pessoais, o autor enviou ao site Chumbo Gordo seu posicionamento à Federação Israelita do Estado de São Paulo. A carta não foi  publicada pelo Jornal da USP, por considerar não ter como missão “explorar a controvérsia de imprensa ou a polêmica entre articulistas”. Mas foi reproduzida pelo site e pode ser lida aqui. Nela o  médico lamenta que radicais não admitam opiniões diversas das suas e que proíbam certos assuntos.

“A parcialidade está endêmica nacional e internacionalmente. Podemos criticar ‘ad nauseum’ as políticas de Putin, Erdogan, Khamenei, Lula, e tantos outros, mas é proibido criticar as políticas do governo israelense. Imprensa livre? Qualquer crítica, ou crítico, é automaticamente taxado de antissemita.”

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A palavra antissemitismo, que já significou tantos valores humanos, hoje está sendo banalizada e vulgarizada, diz o autor. “Essa caça a ‘antissemitas’ lembra muito o que ocorre, ou ocorreu, em países totalitários, onde as máquinas de repressão se incumbiram, e se incumbem de eliminar os dissidentes. São máquinas que destroem reputações, simplesmente para eliminar oposições.”

O médico diz que o tipo de ataque que vem sofrendo por questionar versões históricas do sionismo  é “ baixo demais”. Ele  tem recebido “telefonemas ameaçadores, insultos gratuitos, e campanhas subterrâneas”. E  relata que tem pacientes instados a mudar de médico.

“Solicitar a meus amigos da coletividade judaica que se afastem de mim é ridículo, mostrando onde os reais racistas estão. Qual é a diferença entre esses poucos e os verdadeiros antissemitas?” – pergunta.

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