Cerca de 20 por cento das empresas estão pensando em tirar seu dinheiro de Israel ou já o fizeram por medo das consequências de uma polêmica reforma judicial promovida pelo governo de extrema-direita, revelou hoje o Canal 12.
News informou uma pesquisa realizada pela Business Data Israel, provedora de informações empresariais, com mais de 900 empresas de diversos setores presentes neste país.
De acordo com a pesquisa, quase 60 porcento deles relataram que sua renda foi afetada pelo medo dos mercados e pela desvalorização do shekel (moeda local), o que encareceu as importações e, portanto, os preços neste país.
Precisamente, no final de janeiro, durante uma reunião com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, vários empresários o alertaram de que isso aconteceria.
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A fuga de capitais já começou, “ainda não é uma escala dramática, mas estamos preocupados que este seja o começo da tendência”, disse então o diretor executivo do Bank Hapoalim, Dov Kotler, durante a reunião.
O governador do Banco de Israel (entidade emissora), Amir Yaron, alertou os ministros há dois dias que uma crise econômica pode estourar a qualquer momento devido à reforma do Judiciário, que assustou investidores e empresários.
“Um (efeito) bola de neve pode começar”, admitiu a economista-chefe do Ministério das Finanças, Shira Greenberg, durante uma reunião de gabinete para tratar do assunto, observou o jornal The Times of Israel.
A reforma provocou um terremoto político em Israel, onde amplos setores da sociedade iniciaram mobilizações e protestos em repúdio ao plano, embora o governo encabeçado por Benjamin Netanyahu tenha continuado com seu plano.
De acordo com o projeto apresentado pelo ministro da Justiça, Yariv Levin, a iniciativa restringiria a capacidade do Supremo Tribunal de rejeitar leis devido à chamada ‘cláusula de anulação’, o que permitiria ao Parlamento relegislar regulamentos contestados por aquele corpo.
Também daria ao executivo controle total sobre a seleção de juízes, impediria o tribunal de usar um teste de razoabilidade para julgar a legislação e as decisões do governo e permitiria que os ministros nomeassem seus próprios assessores jurídicos.
Esta semana, Jacob Frenkel, ex-chefe do Banco de Israel, também entrou na onda de críticas e alertou para as consequências negativas para a economia. “Acordem antes que o país entre em colapso” por causa dessa reforma irresponsável, disse.
Mais de 50 importantes economistas de universidades americanas, incluindo 11 ganhadores do Prêmio Nobel, também criticaram o plano.
Publicado originalmente em Prensa Latina