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Das páginas da história palestina – Ahmad al-Shukeiri

Na história da Palestina existem muitos grandes líderes que sacrificaram tudo para defender sua terra e sua causa. No entanto, sabemos muito pouco sobre eles e sua história quase esquecida. É claro, há muitas razões para isso: ignorância, indiferença e negligência das autoridades responsáveis. Infelizmente, em alguns casos, tamanha negligência é deliberada. Por décadas, a história de sua luta desapareceu das páginas dos livros e não obteve seus direitos de divulgação na imprensa. Portanto, como pesquisadores e profissionais de mídia, temos o dever de estudar e pesquisar a biografia desses heróis para transmitir seu legado às novas gerações e erguer um farol para a libertação da Palestina.

(Episódio 3)

Ahmad al-Shukeiri

Ahmad al-Shukeiri foi fundador e primeiro presidente da Organização para a Libertação da Palestina (OLP). Foi ainda subsecretário-geral da Liga Árabe e trabalhou para Damasco e Riad, ao ocupar cargos públicos, incluindo embaixador da Arábia Saudita nas Nações Unidas.

Al-Shukeiri nasceu na cidade de Tibnin, no sul do Líbano, em 1908 – sua mãe era turca e seu pai palestino, radicado na diáspora. No início da vida, al-Shukeiri se mudou para a cidade de Tulkarm e então Acre. Concluiu seu primeiro ciclo de estudos em Jerusalém e retornou ao Líbano para ingressar na Universidade Americana de Beirute. Participou das manifestações nos campi contra a execução de palestinos na Síria e no Líbano e se envolveu na luta contra o Mandato Francês, em meados de 1927. Em seguida, regressou a Acre e passou a trabalhar no jornal Mirr’at Al Sharq – por fim, mergulhando integralmente no jornalismo e no ativismo político.

Participou de seminários e conferências realizados na Palestina – incluindo Jaffa e Jerusalém. Contribuiu para fundar uma série associações da juventude islâmica em toda a região. Tornou-se um proeminente advogado na Palestina sob ocupação colonial e trabalhou ao lado de Hajj Amin al-Husseini no campo nacional.

Após participar da Grande Revolução de 1936, al-Shukeiri sofreu perseguição pelas autoridades britânicas. A caminho do Cairo, foi detido em Gaza e então transferido à penitenciária de Acre. Enfim libertado, viajou a Síria e só pôde retornar à Palestina em 1940.

Em 1951, al-Shukeiri assumiu o cargo de subsecretário-geral da Liga Árabe, encarregado dos assuntos palestinos. Serviu como membro da delegação síria nas Nações Unidas, entre 1949 e 1951, e chefe da delegação saudita, entre 1957 e 1962. Nesse período, defendeu sobretudo a causa palestina e a luta anticolonial. Após a morte de Ahmed Helmy Abdel-Baqi, representante palestino na Liga Árabe, em 1963, al-Shukeiri assumiu seu lugar.

Neste entremeio, passou a mobilizar o povo palestino e contactar nações árabes como parte dos preparativos para a primeira cúpula da Liga Árabe, em 1964, da qual surgiu a Organização para a Libertação da Palestina e seu estatuto fundacional. Al-Shukeiri foi eleito seu primeiro presidente. Desde então, percorreu o mundo inteiro para mobilizar a opinião pública – nacional, regional e internacional – em busca de apoio e união em favor da Palestina.

Al-Shukeiri também foi um dos responsáveis por criar o Exército de Libertação da Palestina (ELP), com ramificações em Gaza e alguns países árabes. Como ativista veterano, al-Shukeiri buscou transcender o caráter militar da organização, para construir instituições sociais, econômicas e educacionais a serviço do povo palestino – tanto em sua terra quanto em sua dispersa diáspora.

As relações da organização nesse período com os países do terceiro mundo, o bloco socialista e organizações revolucionárias contribuíram militar, política e financeiramente para a ascensão da OLP como representante nacional palestino. Al-Shukeiri reuniu amigos e apoiadores por onde passava – sobretudo nos países árabes.

Após a derrota de junho de 1967 – episódio conhecido como Guerra dos Seis Dias, que resultou na ocupação israelense da Cisjordânia, Faixa de Gaza e Jerusalém Oriental –, membros do Comitê Executivo da OLP passaram a divergir pouco a pouco. Em dezembro de 1967, diante do impasse político, al-Shukeiri encaminhou sua carta de renúncia à presidência da organização. Yahya Hammouda foi escolhido interinamente como seu sucessor. Deste momento até sua morte, al-Shukeiri recusou todo e qualquer cargo oficial e se dedicou sobretudo à escrita. Mudou-se ao Cairo e passava os verões no litoral do Líbano. Sua residência, no entanto, jamais ficou vazia: repleta de conversas e debates entre visitantes árabes e palestinos.

Al-Shukeiri se tornou conhecido por sua oratória e sagacidade ao participar de seus sucessivos fóruns e conferências nacionais, regionais e internacionais. Distinguiu-se por sua cultura e seu conhecimento diverso, incluindo seu domínio do idioma árabe e inglês – ferramentas que utilizou habilmente para desempenhar seu contundente papel político.

Quando o presidente egípcio Anwar el-Sadat normalizou relações com a ocupação israelense, em 1978, al-Shukeiri deixou o Cairo para morar na Tunísia, como protesto ao chamado “acordo de paz”. Entretanto, adoeceu e foi transferido à capital jordaniana Amã para receber tratamento. Faleceu em 25 fevereiro de 1980, aos 72 anos; foi sepultado, conforme seu testamento, no Vale do Jordão.

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