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Israel está certo em criticar a decisão do Brasil de permitir que navios de guerra iranianos atraquem?

IRINS Makran é um dos navios iranianos que atracaram no litoral brasileiro em meio a polêmica com Estados Unidos e protestos de Israel [Mehr News / CC BY SA 4.0]

Em uma declaração dura, o Ministério das Relações Exteriores de Israel criticou a decisão do Brasil de permitir que Iris Makran e Iris Dena, dois navios de guerra iranianos, atracassem no Rio de Janeiro entre 26 de fevereiro e 4 de março. Israel alertou o Brasil de que era um passo perigoso, descrevendo a presença das embarcações como “um desenvolvimento lamentável” e pediu ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que as mandasse embora.

Lior Haiat, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel, foi ao Twitter para dizer: “Esses navios foram especificamente designados pelos Estados Unidos há apenas algumas semanas e fazem parte da Marinha iraniana”. Apelando ao Brasil para que não permita a atracação dos navios, continuou: “Ainda não é tarde para ordenar que os navios saiam do porto”.

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“O Brasil não deve conceder nenhum prêmio a um Estado maligno, responsável por inúmeras violações dos direitos humanos contra seus próprios cidadãos, executando ataques terroristas em todo o mundo e distribuindo armamento para organizações terroristas em todo o Oriente Médio”, acrescentou.

Mais cedo, um jornal brasileiro disse que a presença dos navios de guerra iranianos pode irritar os Estados Unidos e causar tensões entre o Brasil e Washington em um momento em que os EUA buscam estreitar os laços com o governo Lula.

O presidente dos EUA, Joe Biden, e o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, caminham juntos ao longo da colunata do Rose Garden na Casa Branca em Washington [Andrew Caballero-Reynolds / GettyImages]

Lula, que assumiu o cargo em janeiro, sucumbiu à pressão dos EUA e recusou o pedido do Irã para que os navios atracassem no Rio no final de janeiro, antes de sua visita a Washington para se encontrar com o presidente dos EUA, Joe Biden. No entanto, com a viagem de Lula aos Estados Unidos encerrada, os navios foram autorizados a atracar.

Em entrevista coletiva no dia 15 de fevereiro, a embaixadora americana no Brasil, Elizabeth Bagley, apelou ao governo brasileiro para não permitir que os dois navios de guerra iranianos atracassem no porto do Rio. “Esses navios, no passado, facilitaram o comércio ilícito e atividades terroristas. O Brasil é um país soberano, mas acreditamos fortemente que esses navios não devem atracar em lugar nenhum. Até agora, nenhum outro país do hemisfério autorizou isso, “, disse Bagley.

Na quarta-feira, o senador Ted Cruz pediu a imposição de sanções a Brasília, chamando-a de “uma ameaça direta à segurança dos americanos”.

“O governo Biden é obrigado a impor sanções relevantes, reavaliar a cooperação do Brasil com os esforços antiterroristas dos EUA e reexaminar se o Brasil está mantendo medidas antiterroristas eficazes em seus portos”, acrescentou.

Post sobre uso do IRINS Makran lista:•Implantar forças especiais; Realizar missões SAR; Servir de Base para lanchas rápidas; •Apoio e Logística~• Reabastecimento e transferência de suprimentos;  Tratamento de feridos; Transporte e operação de sistemas de radar e mísseis [Twitter]

Segundo o analista político brasileiro, Marcos Tenorio, o pedido dos EUA é inadequado e interfere nos assuntos internos do Brasil. “Acho que o Brasil exerceu sua soberania sobre seu mar territorial e portos. O pedido dos Estados Unidos para que o Brasil mandasse embora a Marinha Islâmica foi uma interferência indevida em seus assuntos internos.”

Tenório diz ao MEMO: “As declarações do ministro americano também são totalmente baseadas em falsas alegações. A presença de navios iranianos nos portos brasileiros não representa nenhum perigo para o país. entre Brasil e Irã, uma das mais duradouras entre todas as relações bilaterais no Brasil.”

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“O presidente Lula é um político muito hábil, com larga experiência na mediação de conflitos e disputas entre lados opostos. Do meu ponto de vista, o presidente Lula quis passar a mensagem de que o governo brasileiro mudou e age de acordo com os interesses estratégicos globais e regionais do país … É o Brasil quem dita qual será sua política externa e as relações com outras nações soberanas”, acrescenta Tenório.

A boa relação entre Irã e Lula não é novidade. A diplomacia com o Irã foi um dos destaques das tentativas de Lula de fortalecer a posição internacional do Brasil durante seus mandatos presidenciais anteriores. Em 2010, viajou a Teerã para se encontrar com o então presidente Mahmoud Ahmadinejad enquanto ele buscava negociar um acordo nuclear entre o Irã e os Estados Unidos.

“A visita dos dois navios iranianos ao Brasil faz parte das comemorações dos 120 anos das relações diplomáticas e comerciais entre os dois países”, explica Tenorio.

As opiniões expressas neste artigo são de responsabilidade do autor e não refletem necessariamente a política editorial do Middle East Monitor.

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