A sessão de abertura do novo parlamento tunisiano foi realizada nesta segunda-feira (13), com juramento de posse sobre o Alcorão. A sessão, presidida pelo deputado Saleh Al-Mubaraki, com assistência dos congressistas Ghassan Yamoun e Sirine Bou Sandal, foi transmitida ao vivo pela televisão estatal.
Em discurso, afirmou Al-Mubaraki: “Nosso país enfrenta sérios desafios; devemos trabalhar conforme harmonia participativa e propositiva com a autoridade executiva, dentro do quadro de união do Estado”.
Vinte meses antes, o parlamento foi fechado por ordem executiva unilateral do presidente Kais Saied. Críticos e opositores descreveram a medida como parte de esforços do líder conservador para consolidar um golpe de estado.
Conforme relatos, repórteres locais e estrangeiros não foram autorizados a cobrir o evento. Tropas pesadamente armadas cercaram o parlamento.
Em 25 de julho, Saied aludiu ao Artigo 80 da Constituição para exonerar o primeiro-ministro Hicham Mechichi, congelar o trabalho do parlamento por 30 dias, suspender a imunidade de ministros e autodesignar-se chefe da autoridade executiva até a formação de um novo governo.
A medida de Saied sucedeu protestos que irromperam em várias cidades tunisianas criticando a maneira como o governo lidou com a crise econômica e o coronavírus. Alguns manifestantes pediam a dissolução do parlamento.
A maioria dos partidos políticos do país criticou a medida como um golpe contra a Constituição e as conquistas da revolução popular de 2011, que destituiu o longevo ditador Zine El-Abidine Ben Ali. Saied insiste que as medidas são “necessárias e legais”, a fim de salvar o Estado de “um colapso total”.
O pleito legislativo convocado por Saied teve comparecimento abaixo de 10% do eleitorado tunisiano. Neste contexto, grupos políticos e civis rejeitam a formação do novo congresso.
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