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Estudantes africanos buscam deixar a Tunísia em meio a onda racista

Protesto da oposição tunisiana contra o presidente Kais Saied [Yassine Gaidi/Agência Anadolu]
Protesto da oposição tunisiana contra o presidente Kais Saied [Yassine Gaidi/Agência Anadolu]

Tunísia vivencia uma onda de ódio contra os imigrantes após as declarações inflamatórias do presidente Kais Saied em 21 de fevereiro, nas quais alegou a chegada de “hordas de migrantes ilegais” ao país, ao descrever o fluxo de estrangeiros como tentativa de “mudar a composição demográfica” do estado norte-africano.

Milhares de estudantes foram vítimas de hostilidade. Cerca de cem estudantes já retornaram a seus países de origem com ajuda de suas embaixadas, devido aos ataques sofridos, reportou a Associação de Estudantes e Estagiários Africanos na Tunísia (AESAT).

Christian Kwongang, presidente da associação, observou: “Eles partiram por causa da campanha racista, detenções arbitrárias e numerosos despejos … houve mais de 400 detenções e mais de 20 agressões físicas, incluindo dez com uso de facas”.

Kwongang acrescentou que não há relatos de agressão física desde 7 de março, mas persevera o abuso verbal.

Apesar de seu status legal, estudantes da África Subsaariana se viram discriminados ou até mesmo desabrigados devido à escalada de ódio. Segundo testemunhas, muitos foram vítimas de uma “perseguição aos negros conduzida por milícias”.

Kwongang reiterou que os estudantes sentem um “medo avassalador”, o que levou a AESAT a emitir diretrizes para que saiam de suas casas somente em caso de emergência. “Seus pais nos ligam chorando, preocupados com as condições de seus filhos”, acrescentou.

Algumas universidades tomaram medidas para proteger os estudantes, criando células de crise, alocando ônibus para transportá-los ou fornecendo acesso a advogados em caso de perseguição judicial. O Ministério do Ensino Superior estabeleceu “uma unidade de escuta e pontos focais em cada instituição para reportar os incidentes”.

Kwongang acredita que a reputação da Tunísia foi “gravemente prejudicada” pelas declarações de Saied e os subsequentes ataques. Muitos estudantes agora querem continuar seus estudos em outro lugar, como na Europa ou no Canadá.

LEIA: Tunísia condena dois à morte por ataque suicida perto da embaixada dos EUA

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