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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Das páginas da história palestina – Sheikh Ahmed Yassin

Na história da Palestina existem muitos grandes líderes que sacrificaram tudo para defender sua terra e sua causa. No entanto, sabemos muito pouco sobre eles e sua história quase esquecida. É claro, há muitas razões para isso: ignorância, indiferença e negligência das autoridades responsáveis. Infelizmente, em alguns casos, tamanha negligência é deliberada. Por décadas, a história de sua luta desapareceu das páginas dos livros e não obteve seus direitos de divulgação na imprensa. Portanto, como pesquisadores e profissionais de mídia, temos o dever de estudar e pesquisar a biografia desses heróis para transmitir seu legado às novas gerações e erguer um farol para a libertação da Palestina.

(Episódio 5)

Sheikh Ahmed Yassin

O sheikh Ahmed Yassin foi fundador do Movimento de Resistência Islâmica – Hamas e desfrutou de uma posição espiritual e política distinta nas fileiras da resistência palestina. Yassin se tornou um dos símbolos mais importantes da ação nacional palestina ao longo do século passado.

Ahmed Ismail Yassin nasceu em 1937 na vila de Al-Jura, no distrito de Ashkelon. Seu nascimento coincidiu com o auge da Grande Revolução Palestina entre 1936 e 1939, contra o colonialismo britânico e contra a crescente influência das gangues sionistas nos territórios ocupados. Seu pai faleceu quando Yassin tinha apenas cinco anos de idade. Sua família foi expulsa de Ashkelon a Gaza em 1948, na ocasião da Nakba – ou “catástrofe”, quando foi criado o Estado de Israel, via limpeza étnica. Devido ao deslocamento forçado, Yassin viveu a fome, a pobreza e a privação.

Aos 16 anos, Yassin fraturou algumas vértebras da coluna em um grave acidente que afetou toda sua vida. Após um mês e meio imobilizado, ficou claro que Yassin teria de conviver com a paralisia e uma série de doenças, incluindo perda de visão, otite crônica e problemas respiratórios. Seu olho direito foi severamente ferido sob um interrogatório conduzido por forças de Israel.

Não obstante, Yassin seguiu com os estudos, ao concluí-los entre 1957 e 1958; jamais desistiu também de agir politicamente. Tornou-se professor e participou dos protestos de Gaza contra a ofensiva tripartite contra o Egito, em 1956, ocasião na qual demonstrou habilidades retóricas e organizacionais. Dentre suas reivindicações, estava o retorno da gestão árabe-egípcia à Faixa de Gaza, em repúdio à “supervisão internacional”.

Apesar a derrota de 1967 – na qual Israel ocupou Cisjordânia, Jerusalém e Faixa de Gaza –, Yassin continuou a trabalhar para mobilizar a resistência popular por meio de seus discursos e coletar doações aos familiares dos mártires e prisioneiros palestinos. Neste entremeio, Yassin serviu como chefe do Conselho Islâmico de Gaza.

Em 1982, autoridades israelenses prenderam e condenaram Ahmed Yassin a 13 anos de prisão, sob acusação de formar um grupo paramilitar e possuir armas. Foi libertado, no entanto, três anos depois, como parte de um acordo de troca de prisioneiros entre Israel e a Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP).

Em 1987, reuniu um grupo de líderes políticos simpatizantes da Irmandade Muçulmana em Gaza e fundou assim o Movimento de Resistência Islâmica – Hamas. Sua organização prontamente exerceu um papel substancial na Primeira Intifada, que eclodiu na época. Autoridades sionistas intensificaram, portanto, a perseguição contra Yassin. Em agosto de 1988, soldados invadiram e revistaram sua casa e ameaçaram expulsá-lo ao Líbano. Em meio à escalada, foi preso junto de centenas de membros do Hamas, em maio de 1989, e sentenciado a prisão perpétua por um tribunal militar israelense.

Voltou a ser solto em uma troca de prisioneiros em 1997, entre Jordânia e Israel, após a tentativa israelense de assassinar Khaled Meshaal, chefe do ramo político do Hamas, na cidade de Amã. Autoridades jordanianas prenderam dois agentes do Mossad – serviço secreto sionista – e condicionaram seu retorno à libertação do sheikh Yassin. A partir do ano seguinte, radicado em Gaza, o veterano palestino conduziu uma extensa campanha de relações públicas para o Hamas no exterior. Percorreu países árabes e islâmicos e arrecadou manifestações de apoio e ajuda material a seu movimento – o valor estimado chegou a US$50 milhões.

Ahmed Yassin sempre reafirmou que a existência e o reconhecimento formal do estado palestino em suas terras ancestrais são um fato inexorável, assim como a libertação da Palestina, por meio do uso estratégico de seu programa de resistência.

Em 2003, Yassin sofreu uma tentativa de assassinato, quando helicópteros israelenses lançaram bombas contra um edifício em Gaza onde estava hospedado – na ocasião, sofreu uma lesão no braço direito. Em 22 de março de 2004, aviões militares conseguiram executá-lo, a caminho de sua casa, em sua cadeira de rodas, após a oração da manhã em uma mesquita local.

LEIA: Das páginas da história palestina – Ahmad al-Shukeiri

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