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ONU debate entidade independente para revelar o destino de desaparecidos na Síria

Mulher mostra retrato de seus netos desaparecidos em Hatay após terremoto de magnitude 7.8 atingir a região [Bulent Kilic/AFP via Getty Images]

Estados-membros da Organização das Nações Unidas (ONU) estão debatendo a criação de uma nova agência para revelar o que aconteceu a dezenas de milhares de desaparecidos na Síria.

A guerra civil no país árabe se tornou notória por casos abundantes de prisão arbitrária, tortura, desaparecimento forçado, mortes em custódia e execuções extrajudiciais. Mesmo após 13 anos de conflito, sequestros e desaparecimentos são comuns na Síria.

Milhares de pessoas não têm qualquer conhecimento sobre o destino de seus entes queridos.

O secretário-geral da ONU António Guterres propôs a formação de uma agência independente para rastrear os desaparecidos, em relatório publicado no último ano.

“O paradeiro e o destino de cerca de cem mil sírios continuam desconhecidos”, disse Guterres em nota de imprensa divulgada ontem (28). “Pessoas de todas as partes do país têm parentes desaparecidos, incluindo indivíduos sequestrados, torturados e detidos arbitrariamente.”

Volker Turk, alto comissário da ONU para direitos humanos, consentiu com os estados-membros em avaliar a formação de uma nova entidade dedicada a localizar os desaparecidos.

LEIA: 150 mil pessoas continuam detidas ou desaparecidas na Síria desde 2011

A Anistia Internacional e o Human Rights Watch (HRW) se juntaram aos apelos cada vez mais eloquentes para criar o novo órgão.

Entidades da sociedade civil, incluindo a Associação de Detentos e Desaparecidos da Prisão de Saydnaya e a Associação das Famílias Caesar, reivindicam há anos que seja constituído um órgão independente para investigar os casos.

Famílias que procuram por entes queridos sofrem extorsão e ameaça de prisão, à medida que o regime sírio de Bashar al-Assad prolonga seu luto ao negar quaisquer informações.

O alerta foi corroborado por três comissários da ONU em artigo publicado pela rede Al-Jazeera no ano passado: “A experiência global mostra que quanto mais tempo levarmos para instituir tal mecanismo, mais difícil será esclarecer o destino e paradeiro dos desaparecidos.”

De acordo com a Rede Síria pelos Direitos Humanos (RSDH), a maioria desses desaparecimentos é responsabilidade do regime.

LEIA: Regime sírio reconhece involuntariamente 1.056 mortos entre desaparecidos

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