O alto escalão da polícia israelense advertiu ontem (28) contra a demanda do parlamentar de extrema-direita e Ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben-Gvir, de formar uma nova Guarda Nacional sob seu controle direto, em paralelo com o trabalho da polícia.
Na segunda-feira (27), Ben-Gvir consentiu com o premiê Benjamin Netanyahu em suspender a tramitação da proposta de reforma judicial em troca de criar sua própria “Guarda Nacional”.
Ben-Gvir alega que é preciso estabelecer a nova guarda voluntária pois o país vive “tempos de agitação étnica”, em alusão ao conflito decorrente dos persistentes abusos contra os palestinos, sobretudo em maio de 2021, quando tensões transbordaram dos bombardeios contra a Faixa de Gaza para chegar a confrontos no território designado Israel – ocupado durante a Nakba ou “catástrofe” via limpeza étnica, em 1948.
O jornal israelense Maariv citou um oficial sênior da polícia dizendo que os líderes da força são absolutamente contrários à exigência do ministro, ao explicar que o contingente já existe dentro da Guarda de Fronteira, com 500 oficiais de intervenção rápida, além da Brigada de Segurança Interna, com 350 soldados. Além disso, segundo o oficial, há três mil soldados na reserva.
“Para instituir a nova força é preciso promulgar uma lei a respeito. Não sei em qual contexto o ministro submeterá esta força a suas ordens diretas”, declarou a fonte, ao reiterar que Ben-Gvir pode ordenar um novo contingente desde que diretamente filiado à polícia.
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Ben-Gvir costuma reclamar que a polícia convencional não cumpre suas ordens, especialmente ordens relacionadas à repressão aos protestos de massa que varreram Israel contra o plano de reforma judicial de sua coalizão de governo.
Críticos alertam que Ben-Gvir usará a força para perseguir opositores.
Conforme a televisão israelense, uma fonte policial observou que a nova Guarda Nacional deve realizar diversas missões, incluindo operações na Cisjordânia ocupada, repressão aos protestos em Israel e reforço das fronteiras no norte do país.
“Trata-se de uma força especial e bem treinada”, afirmou a fonte.
A revista de economia Marker destacou que o ministério de Ben-Gvir tinha um orçamento extra para criar a nova Guarda Nacional; no entanto, com prazo restrito de apenas um ano.
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