O Canadá anunciou sua intenção de introduzir novas leis para erradicar o trabalho forçado de sua cadeia de abastecimento, incluindo ao banir produtos oriundos da repressão imposta pela China às comunidades uigures em Xinjiang.
Segundo denúncias, Pequim submete a minoria islâmica a condições análogas à escravidão.
Em seu plano orçamentário de 2023, divulgado nesta semana, o governo canadense manifestou “profunda apreensão com os contínuos abusos de direitos humanos contra uigures e minorias islâmicas na China, bem como uso de trabalho forçado em todo o mundo”.
“Diante dessas preocupações, é essencial que importadores abordem as vulnerabilidades em sua cadeia de abastecimento e garantam que suas redes produtivas estejam de acordo com os valores canadenses, compartilhados em todo o mundo”, acrescentou a nota.
O comunicado reiterou que o plano orçamentário “prenuncia a intenção do governo federal de introduzir legislação até 2024 para erradicar o trabalho forçado das redes de abastecimento e robustecer a proibição de importação nacional de bens oriundos de trabalho forçado”.
“O governo também trabalhará para garantir que a legislação existente esteja de acordo com o quadro geral de proteção a nossas cadeias de abastecimento”, prosseguiu a nota.
A legislação é uma das muitas medidas que o governo anunciou em seu plano orçamentário. Ao avaliar o impacto da medida, o gabinete canadense prometeu que esta “beneficiará indivíduos e trabalhadores sujeitos e afetados pelo trabalho forçado em todo o mundo, incluindo uigures e outros grupos minoritários, que enfrentam relatos convincentes de violações de direitos”.
O governo prometeu ainda que “cidadãos canadenses também se beneficiarão de cadeias de suprimentos mais alinhadas aos valores nacionais”.
Em 2022, o principal especialista da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre trabalho escravo concluiu que uigures, cazaques e outras minorias sofrem exploração na China. Segundo o alerta, os abusos em Xinjiang equivalem a crimes de lesa-humanidade.
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