O Senado dos Estados Unidos votou nesta quinta-feira (30) para revogar sua autorização sobre o uso de força militar no Iraque, duas décadas após a coalizão de Washington invadir o país.
Sessenta e seis senadores votaram a favor e 30 foram contrários à revogação da Autorização para Uso da Força Militar (AUMF), aprovada em 2002, que deu ao ex-presidente George W. Bush permissão para lançar a invasão do Iraque contra o regime de Saddam Hussein.
A nova legislação em potencial deve revogar também a AUMF de 1991, que avalizou a Guerra do Golfo, ao essencialmente impedir que a Casa Branca ordene ataques no território iraquiano sem aprovação expressa do Congresso.
Desde a invasão americana, a AUMF foi usada para outros propósitos, como os ataques aéreos do ex-presidente Barack Obama contra o grupo terrorista Estado Islâmico (Daesh) no Iraque e na Síria, ao longo da última década, e a ordem do ex-presidente Donald Trump para assassinar o general iraniano Qassem Soleimani, em 2020.
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Chuck Schumer, senador de Nova York e líder da maioria no Senado, favorável à revogação, afirmou no plenário que “Estados Unidos, Iraque, [e] o mundo inteiro mudaram drasticamente desde 2002, e é hora de as leis se atualizarem com essas mudanças”.
As resoluções de autorização, insistiu Schumer, “não têm mais utilidade”.
Outros se opuseram à medida, como Mitch McConnell, líder da minoria republicana e senador por Kentucky, que insistiu na terça-feira (28): “Nossos inimigos terroristas não estão encerrando sua guerra contra nós”.
A revogação foi aprovada inicialmente pelo Congresso de maioria democrata em 2021, com apoio do presidente Joe Biden. Após passar pelo Senado, retorna à câmara baixa, cuja pressão de deputados republicanos – hoje, com maior presença – deixa a medida sob incerteza.
Aqueles preocupados que a revogação das AUMFs de 1991 e 2002 limita a capacidade militar dos Estados Unidos no exterior e no Oriente Médio, contudo, podem encontrar conforto no fato de que a AUMF de 2001 – que iniciou a “guerra ao terror” há duas décadas – permanecerá em vigor. Como uma resolução mais ampla, esta continuará suficiente para que Washington realize operações militares em solo estrangeiro.
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