Síria e Tunísia reabrirão suas respectivas embaixadas, confirmaram ambos os países na quarta-feira (12), quase dez anos após o estado norte-africano romper laços com o regime de Bashar al-Assad por sua repressão brutal a protestos por democracia.
As informações são da agência de notícias Reuters.
O anúncio mitigou ainda mais o isolamento de Damasco no mundo árabe, após uma década de guerra civil, que matou centenas de milhares, deixou milhões de refugiados, atraiu intervenção estrangeira, dividiu o país e desestabilizou toda a região.
A Tunísia reabriu sua missão diplomática em Damasco, com tarefas restritas, em 2017, em parte, para rastrear os mais de três mil combatentes tunisianos radicados na Síria.
Em fevereiro, a Tunísia enviou aviões assistenciais para responder ao terremoto que abalou Síria e Turquia. O presidente tunisiano Kais Saied aproveitou a ocasião para manifestar intensões de reconstruir relações com Assad.
Nesta quarta-feira, o governo sírio confirmou em nota a nomeação de um embaixador tunisiano ao país, ao corroborar a abertura de sua própria embaixada em Túnis.
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Saied é também envolto por controvérsias. Em julho de 2021, o presidente conservador tomou poderes quase absolutos na Tunísia, ao impor medidas descritas por oponentes como golpe de estado, em detrimento das conquistas democráticas de 2011.
Após o terremoto de 6 de fevereiro que atingiu o sudoeste da Turquia e o norte da Síria, rivais regionais passaram a encaminhar ajuda, além de enviar oficiais de alto escalão a Damasco, como os ministros de política externa do Egito e da Jordânia.
Assad, em troca, viajou a Omã e Emirados Árabes Unidos. Está prevista uma visita do ministro de Relações Exteriores da Arábia Saudita à capital síria, para convidar o presidente à cúpula da Liga Árabe pela primeira vez desde 2011.
O retorno da Síria à organização de 22 países seria sobretudo simbólico, mas reflete mudanças na abordagem regional ao conflito no país.
Em março último, fontes relataram à Reuters que Arábia Saudita e Síria chegaram a um acordo para reabrir suas respectivas embaixadas após o mês islâmico do Ramadã, que se encerra em abril. Riad não confirmou o acordo, mas admitiu conversas para retomar serviços consulares.