Israel busca dobrar orçamento colonial, Cisjordânia vive ameaça de novas demolições

Israel quer dobrar o orçamento destinado aos assentamentos ilegais, ao restringir ainda mais a construção de infraestrutura palestina na Cisjordânia ocupada. O orçamento deve subir a US$11 milhões, resultando em uma nova escalada de demolição de casas palestinas.

Colonos buscam reportar a Israel qualquer obra palestina em terras ocupadas, como parte dos esforços para expulsar os nativos palestinos, em continuidade ao processo de limpeza étnica.

Em 2022, um documento oficial obtido pelo jornal Haaretz mostrou estreita cooperação entre colonos e a chamada Administração Civil, que governa os territórios palestinos ocupados, para encorajar denúncias contra os palestinos.

Segundo estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU), citadas pela Al Jazeera, apenas no primeiro trimestre de 2023, ao menos 218 palestinos sofreram demolição e expulsão de suas casas na Área C, representando mais de um terço dos 594 palestinos deslocados em 2022.

Israel continua a demolir casas palestinas [Sabaaneh/MEMO]

A Área C, em grande parte rural, é o único território contíguo disponível para desenvolvimento palestino. Mais de 70% da Área C – cerca de 44% de toda a Cisjordânia – é tomada por zonas de tiro e assentamentos ilegais, entre outras áreas restritas.

O assédio israelense contra os palestinos locais aumentou consideravelmente nos últimos anos. Colonos são recrutados para monitorar a construção palestina. Forças da ocupação operam uma linha direta denominada “Sala de Guerra C”, para que colonos delatem os palestinos.

Nos anos recentes, foram criados “departamentos de terra” nos assentamentos da Cisjordânia, que monitoram obras e cultivo palestinos e relatam tais atividades ao governo colonial sionista e suas Forças Armadas. Esses departamentos não têm autoridade legal, mas seus “inspetores” servem como fonte adicional de informações para o regime ocupante.

O atual premiê Benjamin Netanyahu criou o Ministério de Missões Nacionais, para monitorar a área, cujo orçamento deve dobrar. A incumbente é Orit Strock, parlamentar de extrema-direita, pertencente ao partido Sionismo Religioso, cujo líder, Bezalel Smotrich, pediu recentemente a “eliminação” da vila palestina de Huwara.

Smotrich é ministro das Finanças e forma com Itamar Ben-Gvir, da pasta de Segurança Nacional, a linha-dura colonial do atual governo israelense. Ben-Gvir é admirador de Baruch Goldstein, colono responsável pelo massacre de 29 palestinos dentro da Mesquita Abraâmica (Túmulo dos Patriarcas) em Hebron, em 1994.

LEIA: 953 estruturas palestinas foram demolidas por Israel em 2022, estima União Europeia

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