O procurador-geral de Israel, Amit Aisman, arquivou ontem (13) o processo judicial contra dois soldados israelenses que mataram um palestino em uma das entradas da Mesquita Al-Aqsa, na cidade ocupada de Jerusalém, no início de abril.
Conforme o jornal Haaretz, Aisman acatou a defesa da corregedoria de polícia do Ministério da Justiça e do procurador-adjunto para assuntos penais.
Mediante “evidências claras e sólidas”, a procuradoria corroborou acusações de que a vítima – o médico Mohammad al-Osaibi – disparou duas balas ao tentar pegar a arma de um dos oficiais antes de ser morto a tiros. Segundo a versão, os soldados não cometeram infração.
Além disso, uma investigação posterior, segundo Aisman, afirmou não haver qualquer registro de imagem das câmeras de vigilância ou das câmeras de corpo dos policiais israelenses no local e momento do incidente, de modo que faltam evidências à acusação.
Since Mohammad's killing there has been an escalation of violence at Al-Aqsa, including ongoing raids by IOF, during which worshippers have been brutally beaten and arrested and the site vandalised, in an act of flagrant disregard for its holy status and for Palestinian rights. pic.twitter.com/HQKYDB3uiz
— Forensic Architecture (@ForensicArchi) April 6, 2023
Organizações de direitos humanos contestam a falta de imagens e a versão israelense. A família al-Osaibi nega a versão policial, ao insistir que o médico de 26 anos, da aldeia árabe-beduína de Houra, foi baleado ao ajudar uma menina palestina.
Seu tio, Ahmed Alasibi, comentou ao Haaretz: “[Al-Osaibi] viu a polícia assediar uma jovem; ao que parece, houve uma discussão. Eles o mataram sem motivo. Toda essa conversa sobre pegar uma arma é mentira”.
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Tensões escalaram em Jerusalém e Cisjordânia ocupada nos últimos meses, em meio a ataques de colonos e soldados israelenses contra comunidades palestinas e a Mesquita de Al-Aqsa.
Ao menos 90 palestinos foram mortos por disparos israelenses desde o início do ano. Quatorze israelenses foram mortos no mesmo período.