O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, condenou neste sábado (15) a “deflagração de confrontos” entre o exército do Sudão e a organização paramilitar conhecida como Forças de Suporte Rápido na capital Cartum e outras localidades do país.
As informações são da agência de notícias Anadolu.
“O secretário-geral pede a líderes de ambos os lados que encerrem de imediato as hostilidades, restaurem a calma e deem início ao diálogo para solucionar a crise”, afirmou Stéphane Dujarric, porta-voz do secretariado-geral.
“Qualquer escalada nos combates terá um impacto devastador sobre civis e deve agravar ainda mais a precária situação humanitária no país”, acrescentou.
Guterres pediu aos membros regionais da ONU que “apoiem esforços para restaurar a ordem e retornar ao caminho da transição”. O Sudão vive uma crise política que interrompeu o processo transicional entre a ditadura deposta de Omar al-Bashir e a democracia.
“O secretário-geral atua junto de líderes regionais e reafirma o compromisso da ONU em apoio ao povo sudanês, para recuperar a transição democrática e materializar suas aspirações por um futuro seguro e pacífico”, prosseguiu o comunicado.
No Twitter, Volker Turk, alto-comissário da ONU para os direitos humanos, comentou: “[Estou] profundamente alarmado com os confrontos armados no Sudão. Minha plena solidariedade ao povo sudanês, que merece mais. É preciso ouvirmos a voz da razão para acabar com a violência e retornar ao caminho promissor da paz e da transição civil”.
Confrontos eclodiram no sábado em Cartum, com explosões e troca de tiros perto do quartel do exército e do palácio presidencial, reportou a agência Anadolu.
LEIA: Linha do tempo: Anos e anos de conflitos políticos no Sudão
As Forças de Suporte Rápido acusaram o exército de lançar ataques com armas leves e pesadas no sul da capital. As Forças Armadas acusaram a organização paramilitar de “difundir mentiras”, ao declará-la como “grupo rebelde”.
A disputa veio à tona na quinta-feira (13), quando o exército culpou o grupo de agir de maneira ilegal, sem a coordenação devida, no que se refere à transição a um regime civil.
O Sudão carece de um governo funcional desde outubro de 2021, quando as Forças Armadas destituíram o premiê Abdalla Hamdok e impuseram “estado de emergência”.
Em dezembro de 2022, o exército e os principais agentes políticos do país assinaram um acordo preliminar para encerrar meses de impasse. A assinatura do texto final estava prevista para 6 de abril; porém, foi adiada. Não há nova data até então.
O período transicional do Sudão teve início em agosto de 2019 e deveria culminar em eleições livres no começo do próximo ano.
LEIA: Baixas no Sudão chegam a 56 mortos e mais de 500 feridos