Um novo spyware israelense, exposto na última semana por alvejar jornalistas e políticos em diversos países, foi derrubado após as denúncias, reportou o jornal Times of Israel.
O QuaDream, criado por um ex-militar israelense e ex-funcionário da empresa NSO, sobreviveu a uma série de problemas financeiros nos meses recentes, mas colapsou enfim após denúncias da instituição Citizen Lab, que identificou ataques hackers contra ativistas, críticos e jornalistas de dez países.
Conforme o jornal israelense Haaretz, os funcionários da empresa foram convocados a reunião neste domingo (16) para firmar um acordo de encerramento do contrato. A equipe foi reduzida a duas pessoas sob pretexto de garantir a segurança dos equipamentos restantes.
A empresa pôs suas propriedades intelectuais à venda.
O Citizen Lab, que monitora o mau uso de equipamentos modernos, reportou que, após invadir computadores e celulares, o aplicativo QuaDream passa a registrar chamadas e sons externos, tirar fotografias e coletar arquivos sem conhecimento do usuário.
O programa pode ainda gerar códigos de autenticação em dois fatores, isto é, senhas próprias para manter acesso aos arquivos do usuário armazenados em nuvem.
“Uma vez que infecções com spyware se tornaram conhecidas via métodos técnicos, um grupo previsível de vítimas emergiu: jornalistas e ativistas da sociedade civil”, declarou o relatório do Citizen Lab.
O programa espião do QuaDream – apelidado de Reign – inclui ferramentas como “gravações de chamadas em tempo real, ativação de câmera (frontal e traseira) e ativação de microfone”.
O aplicativo tem ainda um recurso de autodestruição para omitir a invasão.
O Citizen Lab identificou dados de aparelhos alvejados em dez países, incluindo Israel, México, Singapura, Emirados Árabes Unidos e Bulgária. A empresa buscou vender o produto a governos estrangeiros, incluindo os países supracitados, Arábia Saudita, Gana, Indonésia e Marrocos.
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