Uma proposta das Nações Unidas sobre a pausa nos combates entre tropas do Exército do Sudão e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido, RSF, foi “apenas parcialmente implementada”.
A informação é do representante especial do secretário-geral ao país, Volker Perthes. Nesta segunda-feira, ele emitiu uma nota dizendo que estava “extremamente desapontado” com a falha da implementação por ambos os lados.
Proteção dos civis
A proposta de Perthes era sobre uma pausa da violência para retirada dos feridos e outras ações humanitárias. Segundo ele, ambos os comandantes militares concordaram com a iniciativa, mas a pausa acabou sendo honrada apenas parcialmente.
Segundo agências de notícias, pelo menos 97 pessoas morreram desde sábado, quando a violência eclodiu.
Na manhã desta segunda-feira, os choques se intensificaram. O representante especial continua conclamando a todos os lados que respeitem suas obrigações internacionais incluindo a proteção dos civis.
No fim de semana, o secretário-geral da ONU, António Guterres, conversou com
o comandante do Exército sudanês, general Abdel Fattah Al-Burhan, e com o líder da RSF, general Mohamed Hamdan Dagalo, e pediu calma e a retomada do diálogo.
Instabilidade política desde 2019
No domingo, a nova diretora-executiva do Programa Mundial de Alimentos, PMA, Cindy McCain condenou a morte de três trabalhadores da agência num ataque em Darfur do Norte e suspendeu, temporariamente, as operações de entrega de alimentos por causa da insegurança.
Desde a saída do presidente Omar al-Bashir do poder em 2019, o Sudão vem atravessando uma onda de instabilidade política.
Um governo conjunto entre civis e militares foi anunciado, em 2019, mas o arranjo foi desfeito com um golpe militar em 2021.
A integração dos paramilitares das RSF nas Forças Armadas tem sido um dos pontos de discussões como parte de um acordo político, apoiado pela ONU, alcançado em fevereiro, após meses de negociação.
As RSF nasceram das milícias Janjaweed, que permanecem na ativa na região de Darfur.
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Publicado originalmente em ONU News