Um evento para distribuir alimentos e assistência aos moradores carentes de Sanaa, capital do Iêmen, às vésperas do Eid al-Fitr terminou em tragédia, com 85 mortos e 322 feridos, segundo autoridades houthis. Pessoas foram pisoteadas em Bab al-Yaman, no centro da cidade.
O desastre contrapõe uma aparente mudança de sorte no país assolado pela guerra, à espera de conversas de paz, em meio a um acordo de troca de prisioneiros. Enquanto muçulmanos de todo o mundo celebram o fim do Ramadã, famílias do Iêmen passarão o Eid em luto.
Conforme um oficial de segurança houthi, em contato com a rede de notícias AFP, ao menos 50 pessoas estão em estado grave. “Entre os mortos, estão mulheres e crianças”, acrescentou.
O incidente aconteceu dentro do Colégio Maeen, onde centenas de pessoas se aglomeram para obter ajuda, segundo relatos. Há rumores de que disparos de arma de fogo causaram o pânico entre a multidão.
Um vídeo publicado pela televisão Al-Masirah, filiada aos houthis, mostra dezenas de pessoas aglomeradas em um espaço estreito; algumas gritam: “Volta! Volta!”
Os houthis não revelaram a causa do tumulto. Contudo, segundo a agência Saba, o porta-voz do Ministério do Interior, brigadeiro-general Abdul-Khaliq al-Ajri, afirmou que o incidente ocorreu “durante distribuição de dinheiro a mercadores”.
“Este incidente trágico e doloroso ceifou muitas vidas”, lamentou o militar. “Os mortos e feridos foram transferidos a hospitais e dois comerciantes foram presos”.
Familiares das vítimas se reuniram em frente ao Hospital al-Thawra para, mas foram impedidos de entrar por agentes de segurança à medida que oficiais houthis visitavam o local.
As forças houthis impuseram um cordão de segurança no local do incidente e proibiram acesso e fotografias do Colégio Maeen, situado na Cidade Velha de Sanaa.
Mahdi al-Mashat, presidente do Supremo Conselho Político Houthi, anunciou a formação de um “comitê composto por membros do Ministério do Interior, agências de segurança e inteligência, judiciário e procuradoria para investigar o caso”.
Segundo uma outra fonte, três comerciantes foram presos.
O ministro de Informações do governo iemenita, Muammar Al-Iryani, comentou o episódio no Twitter: “Nós responsabilizamos os assassinos criminosos … que levaram a situação a este ponto trágico e tornaram a vida de milhões de iemenitas em um inferno, por este novo crime”.
O Iêmen é assolado pela guerra desde 2014, quando rebeldes houthis capturaram boa parte do país. A situação escalou no ano seguinte com uma intervenção saudita para restituir o governo aliado, reconhecido internacionalmente.
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