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Soldados israelenses em Gaza ostentam má conduta

Grupo sionista americano processa prefeita de Barcelona por boicote a Israel

Prefeita de Barcelona Ada Colau mostra apoio a duas embarcações de mulheres rumo a Gaza, para romper com o bloqueio israelense, no porto da cidade catalã, em 14 de setembro de 2016 [Albert Llop/Agência Anadolu]
Prefeita de Barcelona Ada Colau mostra apoio a duas embarcações de mulheres rumo a Gaza, para romper com o bloqueio israelense, no porto da cidade catalã, em 14 de setembro de 2016 [Albert Llop/Agência Anadolu]

Um grupo de lobby sionista radicado nos Estados Unidos abriu um processo contra a prefeita de Barcelona, Ada Colau, por sua decisão, deferida em fevereiro, de “suspender temporariamente” relações com Israel, como forma de boicote às políticas de apartheid.

A capital catalã é considerada cidade gêmea de Tel Aviv, o que torna a medida particularmente simbólica, em meio a esforços contra a campanha de Boicote, Sanções e Desinvestimento (BDS) na Europa e nos Estados Unidos.

Ao confirmar a mudança de política em relação às instituições israelenses, Colau reiterou que a medida é necessária em nome da paz, ao associá-la aos apelos para romper laços com a cidade de São Petersburgo, após a invasão russa da Ucrânia.

Colau reafirmou que seu decreto não se refere a cidadãos judeus, mas sim políticas do governo israelense que submetem os palestinos nativos ao crime de apartheid. Ao embasar sua decisão, a prefeita citou violações de direitos humanos e descumprimento de resoluções da ONU.

O grupo americano Lawfare Project, no entanto, decidiu processar Colau. A entidade descreve a si mesma como “único fundo global de litígio pró-Israel”, responsável por mais de 70 processos em 16 jurisdições internacionais.

O projeto financia ações legais em nome da “liberdade de expressão” e dos “direitos civis” – em detrimento, entretanto, de palestinos que buscam justiça frente às violações de Israel. O grupo tampouco parece defender a liberdade de crítica no que se refere ao Estado sionista.

De acordo com o Jewish News Syndicate (JNS), o Lawfare Project processou Colau em nome do Instituto de Barcelona para Diálogo com Israel.

“A sra. Colau agiu para além do escopo de sua autoridade ao infringir a soberania do governo da Espanha, conduzir política externa e violar tramitações legais”, alegou a entidade sionista.

Brooke Goldstein – diretora executiva do Lawfare Project – descreveu o boicote como “mau uso absoluto do processo legal para se engajar com uma campanha partidária e discriminatória, em vez de recorrer ao escopo executivo da prefeitura de Barcelona”.

Grupos de lobby sionista insistem em difamar apelos legítimos por boicote internacional a Israel como “antissemitas”, muito embora tais iniciativas tenham como base a luta contra o apartheid na África do Sul, no século passado.

Tais organizações buscam formalizar no Ocidente a controversa definição de antissemitismo da Aliança Internacional de Memória do Holocausto (IHRA), cuja maior parte dos exemplos associa críticas legítimas às políticas de Israel ao racismo antijudaico.

Diversas associações de direitos humanos, como a Anistia Internacional, Human Rights Watch e a ong israelense B’Tselem, no entanto, reforçaram o coro de denúncias históricas de que Israel conduz crimes de apartheid e lesa-humanidade contra os palestinos.

Pedidos por boicote, portanto, cresceram nos anos recentes, junto do consenso internacional.

Nesta semana, a prestigiosa revista americana Foreign Affairs, considerada uma das publicações mais influentes na política externa de Washington, agregou seu peso às evidências de que Israel representa um regime de apartheid.

LEIA: BDS Brasil alerta contra pinkwashing: não há orgulho no apartheid

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